A Inteligência Artificial (IA) já deixou de ser promessa e se tornou parte do dia a dia de bancos e gestoras de investimentos. A visão é de Glaucia Rosalen, executiva responsável por Finanças (Chief Financial Officer, CFO) da Microsoft Brasil, e Rafael d’Ávila, líder para o setor financeiro do Google Cloud. A dupla participou de painel durante um evento realizado na quinta-feira (4/9) pela Nu Asset, gestora de fundos do banco digital, e pelo InvestNews, portal de notícias que pertence à instituição.
No mercado financeiro, a IA é aplicada em três blocos principais, segundo Rafael: atendimento ao cliente, automação de tarefas de back-office e gestão de risco, incluindo segurança cibernética. “Hoje, a gente tem no Google Cloud bancos e gestoras de investimentos já usando ativamente ferramentas em diversos sentidos. Desde análise massiva de documentação para fazer síntese, extração de pontos fundamentais, geração de pareceres baseados nessa documentação de mercado”, afirmou.
Ele citou, ainda, o uso de modelos de IA multimodais, que combinam diferentes formatos de dados, como vídeos, PDFs e entrevistas, para análises de sentimento de mercado. “É claro que a IA também evolui muito rapidamente. Apesar de toda essa evolução, ela é um grande acessório na produtividade, no poder de acelerar processos internos, mas ainda demanda supervisão, principalmente nas tarefas mais críticas”, completou.
Curadoria humana e talentos
Glaucia, da Microsoft, destacou que a IA já executa análises antes feitas manualmente. “Hoje você já consegue criar um agente para fazer análises de balanço por você. Fica a curadoria humana na geração de insights”, explicou. “Na construção de portfólio e gestão de risco, você coloca o agente para fazer as modelagens e deixa o analista focado no que tem valor agregado”.
Para a executiva da Microsoft, a IA não apenas aumenta a eficiência das empresas, mas também melhora a vida dos profissionais. “Quando você pensa na Inteligência Artificial fazendo esse primeiro filtro para vocês, estamos falando de qualidade de vida. Menos horas em atividades operacionais e mais tempo focando no que agrega valor”, disse. Ela acrescentou que a tecnologia pode ajudar na retenção de talentos. “É caro contratar gente boa. A IA é também uma ferramenta de retenção.”
Limites e desafios
Ambos os executivos concordaram que a qualidade dos dados é central para evitar erros. “Trash in, trash out. Entrou um dado ruim, você vai ter uma IA que vai alucinar”, alertou Rafael. Ele ressaltou ainda a importância da explicabilidade dos modelos em mercados regulados. “Por que você concedeu ou não aquele crédito? Como caracterizou uma transação como fraude? Tudo isso precisa ser explicado, principalmente para o regulador.”
Glaucia listou três pontos de atenção: qualidade dos dados, modelo de mercado atualizado e conformidade. “Não acho que sejam exatamente limites, mas preocupações importantes para que o investimento se pague e traga produtividade e eficiência”, afirmou.