TECNOLOGIA

IA mais barata e acessível vai 'quebrar paradigmas' dos pagamentos no Brasil

Daniel Oliveira, VP de pagamentos da Evertec Brasil, fez a previsão durante live da Torq citando o caso recente da chinesa DeepSeek

Daniel Oliveira/Evertec Brasil (esq) e Thiago Iglesias/Torq | Imagem: print de tela
Daniel Oliveira/Evertec Brasil (esq) e Thiago Iglesias/Torq | Imagem: print de tela

“A evolução da Inteligência Artificial (IA) está claramente moldando o futuro dos pagamentos e democratizando o acesso a essa tecnologia. A mudança de paradigma vai além de consultar a IA: teremos um agente ativo que opera em segundo plano, resolvendo problemas automaticamente.”

A afirmação é de Daniel Oliveira, vice-presidente de Pagamentos da Evertec Brasil. “Com ferramentas como o Open Finance, um agente de IA pode se conectar a instituições financeiras, realizar um Pix, efetuar pagamentos com cartão e integrar-se aos sistemas tradicionais. Isso cria possibilidades, como um assistente pessoal de pagamentos que automatiza tarefas simples, como o pagamento de uma mensalidade, sem que você precise intervir diretamente”, explicou.

Daniel fez a afirmação durante evento realizado nesta terça-feira (28/1) pela Torq, hub de inovação da Evertec+Sinqia. Ele citou o caso recente da chinesa DeepSeek, agente que provocou uma polêmica e grande perda de valor de mercado de ações das concorrentes norte-americanas, como a Nvidia, Google e Microsoft (investidora da OpenAI, dona do ChatGPT).

A polêmica em torno da DeepSeek é, de fato, um exemplo emblemático do impacto da Inteligência Artificial. A empresa chinesa afirma ter desenvolvido aplicações mais eficientes e acessíveis do que as da OpenAI. A DeepSeek diz que enfrentou desafios como o acesso limitado aos chips mais avançados da Nvidia e, ainda assim, criou modelos mais simples e baratos. Isso reforça uma tendência importante: a busca por eficiência na IA, que torna a tecnologia mais prática e acessível para todos.

“Não podemos nos prender a uma corrida tecnológica inviável, onde supercomputadores são necessários para tarefas simples, como redigir um e-mail curto. A eficiência é o que traz a IA para o cotidiano, permitindo que mais pessoas se beneficiem dela”, disse Daniel.

Pix x Drex + IA

Enquanto os avanços no mercado de pagamentos andam a passos largos com o Pix, no mercado de capitais nem tanto. Mas, para Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin (MB), o Drex vem aí para mudar isso.

“O Drex tem potencial de ser para o mercado de capitais o que o Pix é para os pagamentos”, disse, durante o mesmo evento da Torq. Ele explica que, enquanto o Pix já transformou o sistema de pagamentos brasileiro com sua simplicidade e eficiência, o mercado de capitais ainda não passou por uma revolução semelhante.

Nesse contexto, o Drex surge como um sistema digital de transações que vai além de pagamentos, integrando a tokenização de ativos e possibilitando a troca de propriedades de forma mais ágil e segura. Segundo Reinaldo, essa inovação será o vetor que impulsionará uma modernização significativa nesse segmento.

O Drex é uma plataforma digital que vai além de ser uma moeda digital, diferentemente de outras CBDCs globais que funcionam como uma extensão dos sistemas de pagamento. CBCD é a sigla em inglês para Central Bank Digital Currency – ou moeda digital emitida por um banco central. No Brasil, o Drex e é projetado para transações que envolvem patrimônio, como veículos, imóveis e títulos financeiros. Será uma evolução significativa em relação ao Pix, pois o Drex não se limita à “mensageria” de pagamentos, disse o CEO do MB. Ele permitirá a tokenização de ativos e a troca de propriedades diretamente na plataforma.

IA
Reinaldo Rabelo/Mercado Bitcoin | Imagem: print de tela

‘Stablecoins’

As stablecoins têm o potencial de revolucionar os pagamentos transnacionais ao reduzir custos e prazos. É mais fácil e barato realizar transferências internacionais com elas, como USDC ou Eurocoin, do que utilizar sistemas bancários tradicionais. “Mesmo com o advento de soluções de fintechs como Wise, Nomad ou Avenue, transferências bancárias continuam sendo caras e demoradas. Com stablecoins, as transações são imediatas e de baixo custo”, diz.

Para ele, isso impactará não apenas pessoas físicas, mas também grandes transações entre empresas no comércio internacional, como em operações de trade finance. “Empresas e bancos já estão conduzindo pilotos e testes para adotar stablecoins nesses casos”, afirmou.