CRÉDITO

IA será usada para analisar dados do cadastro positivo, diz Campos Neto

"Em cinco anos, o sistema acumulou mais de 167 milhões de registros únicos, que ainda não estão totalmente trabalhados"

Roberto Campos Neto/BC - Imagem: print de tela
Roberto Campos Neto/BC - Imagem: print de tela

O uso da Inteligência Artificial (IA) para analisar dados do cadastro positivo vai trazer grande avanço para a análise de risco de crédito. Como resultado, vai ajudar a incluir mais clientes no sistema e reduzir os juros. A afirmação é do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O presidente fez uma apresentação na quinta-feira, 8/8, em evento para comemoração dos cinco anos do sistema.

Segundo ele, existem hoje mais de 167 milhões de registros únicos no cadastro positivo. “Já começamos o processo de monitoramento e pesquisa. Eventualmente, vamos poder colocar inteligência artificial nesse processo. Será um avanço muito grande. Hoje a gente tem muitos dados que ainda não estão totalmente trabalhados. O que a gente pode fazer com esses dados é uma infinidade perto do que é feito hoje.” disse.

“Estudo realizado pelo BC mostrou que o cadastro positivo resultou em redução média dos spreads de 10,4%”, afirmou.

Campos Neto falou, ainda, sobre todas as outras iniciativas que o BC vem adotando em sua gestão para acabar com a assimetria de informações. Entre elas, citou a criação das infraestruturas de mercado que registram recebíveis de cartões e outras garantias.

“A centralização dessas garantias traz maior transparência e eficiência, e menores custos. Os clientes podem ampliar seus limites de crédito, e os financiadores têm mais segurança jurídica e operacional”.

Cinco anos

O BC firmou acordo de cooperação técnica com os birôs do cadastro positivo para troca de informações em abril de 2023, e desde então teve acesso a 21 milhões de clientes das companhias de prestação de serviços continuados (as utilities). Em troca, fornece aos birôs informações positivas de crédito contidas no Sistema de Informações de Crédito (SCR).

A autorização para a formação de bancos de dados com informações positivas para formação de histórico de crédito é da Lei 12.414, de 9 de junho de 2011. Mas dependia de uma iniciativa do cliente de aderir, “o que resultou em baixa adesão”, disse. A Lei Complementar 166, de 8 de abril de 2019, fez o sistema avançar ao adotar o regime “opt out”- o cliente entra automaticamente e se quiser, pede para sair.

O evento foi promovido pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), e Associação Nacional de Bureaus de Crédito (ANBC). O presidente da Febraban, Isaac Sidney, abriu a solenidade.