A utilização de Inteligência Artifical (IA) é uma tendência, disso não dá para duvidar. Mas adotar a tecnologia de forma eficiente e responsável exige preparação por parte das fintechs. Para Mariana Bonora, diretora-executiva da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), é preciso considerar, por exemplo, os desafios regulatórios. Até porque muitos países, inclusive o Brasil, trabalham em regulamentações sobre o uso da IA.
“O tema é tão novo e está todo mundo tentando entender como utilizar e quais problemas podem vir a ter”, disse ela, que também é co-fundadora da Sette – fruto da fusão entre A de Agro e Bart Digital. Em palestra de abertura de um evento da agência de classificação de risco Fitch Ratings, a empreendedora apontou o cenário e as tendências para a IA no Brasil e no mundo. No caso das fintechs, ela listou quatro recomendações.
A estratégia de dados é um dos pilares fundamentais no uso de IA, de acordo com Mariana. “Não adianta a gente querer pensar em Inteligência Artificial se não tivermos dados bem tratados na nossa empresa. Esse é o primeiro passo. Toda conversa com especialistas começa nesse ponto”, afirmou. A executiva também enfatizou a necessidade de as empresas estruturarem seus dados internamente antes de investir em tecnologias avançadas.
Outro aspecto essencial é a governança de IA, com foco em políticas internas que reflitam o nível de risco da atividade de cada empresa. Segundo Mariana, as fintechs devem avaliar a necessidade de ‘explicabilidade’ nos modelos utilizados, especialmente em operações de alto impacto. “Se estamos falando de uma atividade de alto risco, é imprescindível adotar modelos que sejam explicáveis, para que possamos entender as decisões tomadas pelo algoritmo”, disse.
Mariana também destacou a importância da participação regulatória, principalmente em tempos de discussão de um marco legal para IA no Brasil. Ela convidou as fintechs a se engajarem com associações, como a ABFintechs, nos debates sobre a regulamentação da Inteligência Artificial no País. “São pontos que vão ter um impacto muito grande nas nossas atividades. Precisamos estar à mesa nessas discussões”, defendeu.
Além disso, Mariana reforçou a relevância da educação e capacitação das equipes para identificar problemas que podem ser solucionados com IA. “Geralmente, as primeiras oportunidades de uso da IA não surgem da cabeça dos founders ou da alta liderança, mas das pessoas que lidam com as dores no dia a dia da empresa, como analistas e assistentes. Treinar esses profissionais para entender o que é possível fazer com IA é essencial”, disse.
A empreendedora também enfatizou a necessidade de preparo para as regulações futuras e de estudo constante sobre as possibilidades da tecnologia. Citando uma frase que ouviu em um evento, ela destacou: “No futuro, os seres humanos não irão competir com a IA, mas sim com outros humanos que utilizam IA.”