FUTURO

Drex é o início da tokenização do sistema bancário, diz Campos Neto

Para presidente do Banco Central (BC), a versão digital do Real será uma nova forma de intermediação financeira

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, na Live do BC - 20.12.2024
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, na Live do BC - 20.12.2024 | Imagem: print de tela

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, enxerga o Drex como o início da tokenização do sistema bancário. Para ele, a futura plataforma baseada na tecnologia DLT (registro distribuído) será muito mais do que uma moeda digital. “Será uma nova forma de intermediação financeira. O Drex vai inserir a tokenização no balanço dos bancos”, disse Campos Neto.

O chefe da autoridade monetária participou na última “Live do BC” de 2024, onde fez um balanço de sua gestão. Também foi a última entrevista concedida por Campos Neto em seu mandato. Ele entra em recesso na próxima semana. E a partir de 2025, o presidente do BC passa a ser Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária.

Na visão de Campos Neto, o mundo financeiro do futuro será tokenizado. “Não é uma digitalização com sistema centralizado. Será um sistema tokenizado de plataformas, em que os clientes conseguem interagir entre si de forma descentralizada”, afirmou. Um exemplo nesse sentido é o Drex, atualmente em piloto. “O Drex forçará a tokenização no balanço dos bancos”, comentou o presidente do BC.

Ao contrário de outras experiências de moedas digitais de bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês) pelo mundo, no Brasil, os bancos são os maiores incentivadores do Drex, observou Campos Neto. “Quando fazemos testes em projeto-piloto no balanço dos bancos, percebemos que a tokenização reduz custos, melhora a parte de riscos, assim como gestão de recursos e de colateral.”

Tendências

Enquanto o Drex trará diversas oportunidades, tanto para o sistema financeiro quanto para outros setores, o Pix também tem um futuro promissor, na avaliação de Campos Neto. “Temos muitas ideias, a dificuldade agora é priorizar”, reconheceu. “O Pix tem uma avenida grande de opções daqui pra frente”, complementou.

Em questão de programabilidade, por exemplo, ele citou as novas funcionalidades de recorrência (Pix Automático e Pix Agendado) e aproximação – esse último fruto da intersecção com o Open Finance. Além disso, essas características programáveis podem servir como um trilho de cartão de crédito, disse Campos Neto. “Isso vai diminuir custos que existem hoje nas diversas partes desse arranjo”, afirmou ele.

Outra área com potencial de evolução é a de pagamentos transfronteiriços instantâneos, citou o presidente do BC. “Nos próximos anos, vamos ser surpreendidos de como poderemos usar o Pix em vários países”, disse. Para que isso aconteça, é preciso superar desafios como a liquidação em moedas diferentes e a governança disso tudo, o que inclui resolver questões de prevenção à lavagem de dinheiro e sistemas tributários distintos.

Para o futuro, Campos Neto também vê o avanço da Inteligência Artificial (IA), dos marketplaces financeiros ou super apps, assim como a tokenização dos dados. “Seria como se a poupança das pessoas fosse feita não só com dinheiro, mas também com os dados”, disse.