DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Open Finance e reforma tributária: mais custos e novos negócios para fintechs

Opinião é das integrantes do WLF, que reúne mulheres em fintechs. Líderes formaram 10 grupos para debater temas relevantes ao ecossistema

Da esquerda para direita, em pé: Thaís Carneiro, Patrícia Chioda, Kaliane Abreu, Thalita Meira e Alessandra Lenzi
Da esquerda para direita, em pé: Thaís Carneiro, Patrícia Chioda, Kaliane Abreu, Thalita Meira e Alessandra Lenzi | Imagem: divulgação

Em 2025, o Open Finance e a reforma tributária vão trazer mais custos e novos negócios para as fintechs. A opinião foi compartilhada por integrantes da Women Leaders in Fintechs (WLF), que reúne executivas e/ou sócias dessas startups. Em evento realizado em 10/12, em São Paulo, líderes do grupo apresentaram um balanço de 2024 e sua visão do que vem por aí. Segundo elas, os investimentos para atuar no Open Finance e para se adaptar às exigências da reforma tributária vão aumentar os custos das fintechs em até 30%. Mas também vão abrir novas oportunidades de negócios.

“Cada vez mais, empreender em fintechs vai ficar mais caro”, disse Heloisa Barbosa, reponsável por Compliance, Assuntos Legais, Gerenciamento de Riscos e Controles Internos da Swap. Ela faz parte de um dos 10 Grupos de Trabalho (GT) que debate questões tributárias, legais e de compliance dentro do WLF. Para ela, a reforma tributária é apenas o start para as fintechs repensarem seus modelos de negócio. “É importante não subestimar os efeitos e começar a se preparar já. Quem não senta à mesa, estará no menu”.

Um dos pontos mais relevantes para as fintechs dentro da reforma tributária é o split payment – procedimento que automatizará a cobrança dos novos impostos. “O mercado inteiro espera que as fintechs encontrem uma solução”, diz Karen Miura, mentora de mães executivas e conselheira de várias empresas, que atua no mesmo GT que Heloisa. “A responsabilidade pela retenção correta dos tributos é totalmente das empresas de tecnologia de pagamentos”, lembra. Portanto, as que desenvolverem as melhores soluções antes, vão conquistar mais market share.

A partir da esq.: Heloisa Barbosa (Swap), Alessandra Lenzi (Apter), Caroline Souza (Roit) e Karen Miura (Maternidade Executiva)

Regulamentação

O Open Finance, que também vem acarretando custos crescentes com investimentos em tecnologia, até agora ainda não rendeu frutos para as fintechs. Mas, a partir de 2025, vão surgir novas funcionalidades que devem ajudar na popularização do seu uso – e ampliar ainda mais a inclusão financeira. Andressa Tavares, gestora de Open Finance no Safra – ela integra o GT deste tema no WLF -, cita como exemplo o caso do Pix por aproximação. “Já temos alguns players oferecendo, mas ainda não dentro da Jornada Sem Redirecionamento (JSR) do Open Finance”, lembrou.

Outro campo em que a regulação deve ajudar a abrir portas para novos negócios para as fintechs é o das criptomoedas. No momento, há três consultas públicas abertas pelo Banco Central (BC) e mais uma da Receita Federal para esse fim. Segundo Renata Mancini (gerente de Compliance na Ripio) e Juliana Garcia (Grupo Alibaba), as regras vão retirar a pecha de “piramideiro” e dar mais credibilidade e transparência ao setor. Segundo elas, toda a regulamentação deve estar pronta no segundo semestre do ano que vem.

A partir da esq.: Andressa Tavares (Safra), Thalita Meira (EY), Renata Mancini (RIpio) e Juliana Garcia (Alibaba)

O grupo

O WLF é uma iniciativa que foi inaugurado oficilamente com um evento realizado em julho do ano passado em São Paulo, para debater Liderança Feminina e Equidade. Kaliane Abreu, advogada e ex-chefe de Tributação do Ebanx, idealizou o movimento em 2022.

Em setembro último, o WLF lançou a chamada para a constituição dos seus 10 GTs: Compliance & Risco, Controladoria & Finanças, Cultura Organizacional, Growth, Innovation, Legal, Open Finance, Produto e Desenvolvimento, Regulatório & Cripto e TAX. Cada GT possui uma líder e co-líder responsável pela organização da agenda e submissão dos temas. GTs trabalham em conjunto na elaboração de artigos que serão publicados pela WLF e seus parceiros. Atualmente, a WLF possui 100 mulheres em seus GTs e uma lista de espera superior a 100 mulheres para 2025