A BB Seguros, holding que concentra os negócios de seguros do Banco do Brasil (BB), tem um trabalho de longa data para abraçar a inovação em seu ecossistema, e vem fortalecendo seu relacionamento com startups para estimular esse movimento. As iniciativas incluem investimentos de corporate venture capital, conexões com o mercado e projetos diversos.
“O mercado de seguros ainda é pouco explorado no Brasil e há uma oportunidade gigantesca. Isso precisa ser feito não apenas por nós, mas por todos os players do setor. Buscamos sempre a aproximação com startups, pois a parceria pode fazer muito sentido para desenvolver novos modelos de negócios, aplicar soluções no core business e resolver algumas dores internas”, afirma Ullisses Assis, CEO da BB Seguros, em conversa com o Startups.
Há pouco mais de 1 ano, a companhia foi anunciada como uma das investidoras do fundo MSW MultiCorp 2, da gestora MSW Capital. O veículo de R$ 100 milhões visa impulsionar negócios de inovação nos próximos cinco anos, com o apoio dos cotistas Moura Baterias, Embraer e AgeRio, além da BB Seguros, mirando em empresas nos estágios seed e série A que tenham sinergia com o perfil das corporações investidoras.
“Atuar apenas como investidor não é interessante. Queremos entrar em negócios em que podemos participar das discussões e da gestão para compartilhar o que temos de conhecimento e extrair das startups expertises que são úteis para nosso negócio”, explica o executivo. No portfólio do MSW MultiCorp 2 estão startups como VoltBras, de gerenciamento e pagamento de recarga em eletropostos para carros elétricos, e Automni, que desenvolve soluções logísticas com robôs e sistemas inteligentes.
Além do MSW MultiCorp 2, a BB Seguridade é cotista em fundos da SP Ventures, especializada em agronegócio, e da DOMO Invest. Segundo Ullisses, a companhia estuda a possibilidade de criar um próprio veículo de investimentos, mas ainda não tem previsão de quando isso deve ser colocado em prática. “A gente pensa e talvez aconteça no futuro. Não queremos investir simplesmente pensando no retorno financeiro. O intuito sempre é achar empresas que tenham fit, agregando no nosso negócio, e que tenham soluções que desenvolvam o setor de seguros no Brasil como um todo”, pontua.
A criação do CVC da BB Seguros não seria uma grande novidade no ecossistema do BB. O próprio banco tem uma estratégia própria estruturada com o BB Ventures, que investiu na Payfy, Bitfy, Pagaleve, Yours Bank e Aprova Digital.
Criando conexões
Reforçando o seu relacionamento com startups, a BB Seguros realizou no último mês o Prêmio BB Seguros de Inovação, com o objetivo de reconhecer startups brasileiras que desenvolveram inovações relevantes para o mercado de seguros. “O Prêmio é mais uma iniciativa para identificar boas ideias e bons projetos. Uma oportunidade de encontrar soluções para o que queremos resolver internamente, seja no nosso modelo de negócio ou em novas frentes, e estimular o desenvolvimento do mercado de seguros no país”, explica o Ullisses.
A grande vencedora foi a DiretrixOn, especializada em modelo de subscrição e análise de risco em inteligência artificial, que oferece um regime pay-per-use de suas soluções. Ela terá a oportunidade de participar do ITC Insurtech Connect, maior evento de inovação em seguros do mundo, em Las Vegas, e receber uma mentoria especial sobre corporate venture capital. As outras finalistas, Daoura e WeCancer, também terão direito à mentoria.
As iniciativas não ficam restritas apenas à BB Seguros, mas também aos negócios que fazem parte do seu guarda-chuva. A seguradora Brasilseg desenvolveu o Impulso Open, programa de conexões com startups que tem como objetivo resolver desafios estratégicos de forma ágil e inovadora. O projeto busca startups já em operação, que tenham produto pronto, tração e vendas recorrentes, que tenham soluções para desafios relacionados à retenção de clientes, oferta de produtos e ao ecossistema agro.
Segundo Ullisses, a Brasilseg já estruturou mais de 20 projetos-piloto com startups por meio do Impulso Open, otimizando não apenas os negócios da própria companhia, mas também oferecendo a oportunidade das startups se conectarem com uma empresa líder no mercado de seguros no Brasil. O executivo destaca iniciativas semelhantes da BrasilPrev, empresa de previdência da BB Seguros eleita uma das 20 mais inovadoras do país pela MIT Technology Review.
“Além do que fazemos no dia a dia da holding BB Seguros, principalmente com investimentos de CVC e o Prêmio, nossas investidas têm tido um papel extremamente relevante para estimular a inovação aberta, indo além do nosso apoio financeiro. Elas buscam se aproximar do mercado de startups, trazer soluções para dentro e levar nossa expertise para fora para que o mercado se desenvolva”, destaca.
Desenvolvimento interno
Conectando-se não apenas com negócios do lado de fora, a BB Seguros começou a desenvolver as próprias startups. A holding já lançou a Ciclic, insurtech especializada em seguro viagem, celular, pet, entre outros, e o Broto, plataforma digital voltada ao agronegócio que nasceu para ajudar os produtores rurais a expandirem os seus negócios.
Ullisses cita a hiperpersonalização dos produtos e serviços como a principal tendência para os próximos anos, não apenas no setor de seguros. “Acredito que, em pouco tempo, o líder do mercado será a empresa capaz de entregar um produto para cada cliente, com hiperpersonalização. É isso que fará a diferença, e é um dos motivos pelo qual investimos tanto em tecnologia”, conclui.
*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.
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