A fintech Bloxs, conhecida pela plataforma de crowdfunding, está anunciando nesta segunda-feira (16) um novo ecossistema com foco em atender todas as etapas das operações estruturadas. Chamada de Connect, a iniciativa vai atender as demandas de pequenas e médias empresas, com transações de valores entre R$ 1 milhão e R$ 150 milhões.
“Os negócios grandes e maiores, além de mais competição, são mais organizados. Nós destravamos valor interessante para as pequenas e médias, que sofrem mais com a falta de padronização das operações. Queremos ser um player relevante e liderar as inovações regulatórias para o small e middle market”, afirma Felipe Souto, CEO e fundador da Bloxs, em entrevista ao Finsiders.
Criada em 2018, a Bloxs soube aproveitar o novo momento em que mais investidores passaram a acessar o mercado de capitais, demandando produtos com maior rentabilidade. Ao mesmo tempo, as empresas precisavam de recursos com condições mais atrativas para financiar o crescimento de suas operações.
Dessa forma, a fintech passou a fazer a originação, estruturação e, mais recentemente, a distribuição de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs), debêntures e notas comerciais para gestoras, hubs de inovação, marketplaces, boutiques de investimentos e demais fintechs.
‘Tinder das operações estruturadas’
Agora, a startup está ligando todas essas pontas por meio de uma plataforma no modelo software as a service (SaaS). A ideia, então, é customizar as ofertas de acordo com o perfil do usuário, fazendo o match entre a oferta e a demanda, como uma espécie de “Tinder” das operações estruturadas. “Queremos ser o primeiro ‘one-stop-shop’ para esse small middle market”, diz Felipe.
Conforme diz o empreendedor, o movimento vai acontecer tanto no B2B quanto no B2B2C. Assim, intermediários como agentes autônomos, contadores, advogados e consultores empresariais independentes são fundamentais para apresentar um CRA a um produtor rural como alternativa de acesso a crédito em instituições financeiras tradicionais, por exemplo.
De acordo com a Bloxs, há ganhos para cada um dos interessados. Para as 250 gestoras habilitadas na plataforma, por exemplo, existe uma ferramenta de “sindicalização” das operações. Com ela, é possível compartilhar os negócios privados com outras gestoras ou mesmo realizar a abertura da operação por meio de oferta pública para todo o ecossistema.
No caso das boutiques de investimento, a originação ocorre por meio de um ambiente que permite o cadastro de oportunidades, a gestão de originadores e a priorização de operações mais aderentes às teses definidas anteriormente. Prevê, ainda, a possibilidade da contratação de prestadores de serviço como securitizadoras e advogados.
Já na etapa de distribuição, as possibilidades de aplicação para hubs de inovação, fintechs e tokenizadoras incluem usar a rede para estruturar ofertas públicas seguindo as novas diretrizes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entre elas, estão as Resoluções 88 e 160 que, na prática, estão abrindo caminho para o chamado “Open Capital Market”.
Mudanças regulatórias e pipeline
“Há diversas mudanças regulatórias que vêm acontecendo nos últimos anos, e que são observadas de forma individual. Mas, quando você olha o todo, com o Drex, tokenização e o novo arcabouço regulatório da CVM, existe um novo terreno fértil no mercado de capitais”, diz Felipe.
Desde a criação, diz Felipe, a Bloxs estruturou mais de R$ 47 bilhões para algumas da base de 5 mil empresas cadastradas. Atualmente, são mais de 1,4 mil originadores, 35 mil investidores individuais e outros 300 institucionais.
Após uma rodada seed de R$ 3 milhões junto à Domo Invest entre 2021 e 2022, e uma pré-Série A no final do ano passado, o objetivo é levantar US$ 10 milhões a partir do segundo semestre de 2024. Com o recurso, a intenção é fazer aquisições e consolidar soluções tecnológicas para agregar valor ao portfólio.
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