Capitalizada, Celcoin vai construir novo conjunto de APIs para fintechs

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A Celcoin se prepara para alçar novos voos. Com o novo investimento de R$ 23 milhões, liderado pela Vox Capital — que já tinha aportado R$ 6 milhões na fintech em 2019 —e acompanhado pelo boostLAB, hub de negócios para empresas tech do BTG Pactual, a fintech espera concluir o processo de obtenção da licença de instituição de pagamento (IP).

Com o capital, a fintech também vai construir um conjunto novo de APIs para as 120 empresas (fintechs, bancos, corretoras, operadoras de telefonia, entre outras) que se conectam hoje à sua plataforma. O objetivo das novas APIs é criar uma recorrência de uso dos serviços de fintechs e bancos digitais, diz Marcelo França Corrêa, fundador e CEO do Celcoin, em entrevista à Finsiders.

Hoje a fintech contabiliza 11 milhões de transações mensais em sua plataforma, que correspondem a R$ 1,2 bilhão. Para se ter uma ideia, 1,3% das contas de consumo do país passam pelos sistemas da Celcoin. De um lado, fintechs se plugam à APIs de open finance que possibilitam conexão com concessionárias, órgãos públicos, operadoras de celular e distribuidores de produtos e serviços.

Adriano Meirinho e Marcelo França, fundadores da Celcoin (Crédito: Divulgação)
Adriano Meirinho e Marcelo França, fundadores da Celcoin (Crédito: Divulgação)

Por outro lado, pequenos varejistas usam um aplicativo criado pela fintech para oferecer produtos e serviços financeiros aos seus clientes. Ao todo, são 33 mil lojistas que atuam como correspondentes digitais em 3.100 municípios brasileiros. Essa rede de agentes também funciona como ponto de saque e depósito para fintechs e bancos.

“Temos inteligência que identifica os locais mais propícios para esse tipo de serviço. Os quatro Estados com mais presença de agentes são Pará, Bahia, Ceará e Maranhão.”

Aumento de transações

A Celcoin atende hoje 120 empresas, incluindo neobanks, carteiras digitais, corretoras, operadoras de telefonia e programas de fidelidade. A receita vem das concessionárias, operadoras e distribuidoras de produtos e serviços que usam a plataforma. “Por exemplo, numa venda de recarga de celular, recebemos um fee e subdividimos com o agente ou a fintech”, explica França.

Durante a pandemia, o volume de transações oriunda da rede de agentes saltou 50%, crescimento puxado pela demanda por produtos e serviços em farmácias e mercadinhos de bairro, por exemplo. “Tivemos explosão de crescimento, com o microempreendedor passando a oferecer mais serviços e o consumidor final que resolveu fazer pagamento de contas, por exemplo, em farmácias e mercadinhos.”

Pivotar é preciso

A Celcoin foi fundada em 2016 por Marcelo França e Adriano Meirinho. Formado em TI, com MBA em finanças e doutorado em inteligência artificial e data mining (IA), França fez carreira na área de tecnologia de bancos e corretoras, com a última experiência como CTO do Lemon Bank, instituição absorvida pelo Banco do Brasil em 2009. Já Meirinho foi CMO da Catho, onde trabalhou por 13 anos, e CMO e CTO da empresa de móveis Oppa.

A ideia inicial da Celcoin era ser uma conta digital para desbancarizados, mas o negócio precisou ser pivotado. “Percebemos que determinado grupo de usuários estava fazendo um volume grande de transações, e manter recorrência era desafio. Fomos para Ceará, e vimos que pequenos lojistas usavam bastante o aplicativo para atender a comunidade local. Pivotamos, mudamos comunicação e o Celcoin passou a ser destinado para microempreendedores”, conta França.

Mas não foi a primeira pivotagem no modelo de negócios da fintech. Além de atender pequenos lojistas, que usam a plataforma para oferecer produtos e serviços financeiros e, assim, incrementar a receita, a startup abriu sua plataforma nos últimos anos para fintechs. Na prática, as empresas utilizam as APIs criadas pela Celcoin e, com isso, conseguem manter o foco 100% em seu core business.

Rebundling 

O movimento de rebundling, com fintechs ampliando sua oferta de produtos e serviços, é favorável à Celcoin, diz França. “Para a gente, é uma oportunidade porque todo mundo que quer colocar mais serviços em seu ambiente pode contar com as nossas APIs.”

Então, em vez de entrar na briga entre wallets e neobanks (santa pivotagem!), a startup prefere ser um provedor de APIs para essas empresas. Ao mesmo tempo em que oferece a possibilidade de microempreendedores por todo o país distribuírem serviços financeiros. Não à toa, a Celcoin foi a única fintech da América Latina e Caribe a ganhar no ano passado o prêmio global “The Inclusive Fintech 50”.

Capitalizada, a fintech prepara sua escala. O time cresceu na pandemia, de 56 para 95 pessoas, e as contratações não pararam. A ideia é expandir a equipe para suportar o crescimento da rede própria de agentes e da base de fintechs que se plugam à plataforma.