A Celcoin — que fornece infraestrutura de tecnologia financeira e bancária — acaba de receber um aporte de R$ 85 milhões feito pela gestora Innova Capital — que já investiu em empresas como Movile, ClearSale, Bom Pra Crédito, além do Spac da Alpha Capital, focado em empresas de tecnologia.
A nova rodada ocorre oito meses depois que a Celcoin levantou R$ 55 milhões, trazendo a Sinqia — via Torq Ventures, o CVC da companhia — para o captable. Na lista de investidores, a fintech tem ainda a gestora Vox Capital e boostLAB, do BTG Pactual.
Com um negócio já em ‘breakeven’, a fintech agora vai pisar no acelerador e traz para o captable uma gestora especializada em growth. “A gente já tinha um relacionamento com eles. Agora é a chance de pisarmos ainda mais no acelerador e reforçar a estratégia de consolidação”, diz Marcelo França Corrêa, CEO e cofundador da Celcoin, em entrevista ao Finsiders.
“Queremos ser um ‘one-stop-shop’ de serviços bancários e financeiros. Nossa porta de entrada foi o mundo de serviços. Hoje estamos mais posicionados como uma infratech de serviços bancários, bem ‘componetizada’.”
A estratégia de consolidação começou a ganhar corpo no início deste ano, com dois movimentos inorgânicos. Em janeiro, comprou a Galax Pay, que tem soluções de cobrança recorrente e subadquirência. Um mês depois, adquiriu a Flow Finance, para avançar em crédito.
“Estamos conversando com várias startups. Temos um ‘pipe’ tentando achar bons produtos para adicionar à prateleira, que possam se aproveitar da nossa distribuição”, conta Marcelo. “Temos algumas conversas, sim, em estágio avançado”, diz, sem abrir detalhes por questões estratégicas.
A Celcoin possui uma infraestrutura de tecnologia financeira e banking, que inclui APIs para habilitar transações de Pix, Open Banking, pagamento de contas, tributos, recargas de celular e gift cards, débito automático, saques em ATMs e transferências.
Com a aquisição da Flow, também passou a oferecer infraestrutura para empresas que querem oferecer crédito (capital de giro, consignado privado, empréstimo pessoal, ‘buy now pay later’ e outros).
Expansão
No ano passado, a fintech transacionou R$ 25 bilhões, mais do que o dobro em relação a 2020. Por mês, processa R$ 3 bilhões, em média. A expectativa é chegar a um volume transacionado de R$ 45 bilhões neste ano.
No mês passado, o faturamento anualizado recorrente (ARR, na sigla em inglês) superou R$ 100 milhões.
Com mais de 200 clientes, como bancos, fintechs, corretoras, ERPs, marketplaces, operadoras de telefonia e empresas de fidelização, a Celcoin já atende 20 empresas com capital aberto e sete unicórnios.
Na base estão, por exemplo, Inter, Ebanx, PagBank, Mercado Pago, BTG Pactual, Banco Pan, Digio, além de empresas não financeiras, como Intelbras e Grendene.
Em dezembro, como o Finsiders revelou com exclusividade, a empresa foi autorizada a operar como IP (Instituição de Pagamento) na modalidade de emissor de moeda eletrônica e iniciadora de transação de pagamento (ITP ou PISP, na sigla em inglês), figura criada pelo regulador para operar na fase 3 do Open Banking.
A fintech está na reta final das integrações à CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), ao SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro) e ao SPI (Sistema de Pagamento Instantâneos), e também está concluindo os testes para começar a operar como ITP.
“Diria que estamos com 95% dos testes concluídos. Queremos ser o principal player regulado oferecendo infraestrutura no Open Banking para quem quer usar conexões de dados e para quem quer iniciar pagamentos.”
Na ponta, a fintech também coloca “na mão” de pequenos varejistas um aplicativo para que eles ofereçam produtos e serviços financeiros aos seus clientes.
Ao todo, são quase 40 mil pontos ativos em todo o Brasil, com maior concentração nas regiões Norte e Nordeste, além de cidades interioranas, periferias e comunidades. “Todos [os comerciantes] estão sendo habilitados agora com o Pix Saque”, conta Marcelo.
A Celcoin foi fundada em 2016 por Marcelo e Adriano Meirinho. Formado em TI, com MBA em finanças e doutorado em inteligência artificial e data mining (IA), Marcelo fez carreira na área de tecnologia de bancos e corretoras, com a última experiência como CTO do Lemon Bank, instituição absorvida pelo Banco do Brasil em 2009. Já Meirinho foi CMO da Catho, onde trabalhou por 13 anos, e CMO e CTO da empresa de móveis Oppa.
Mercado
No espaço de infraestrutura de serviços financeiros e bancários de modo geral, a lista de competidores é grande e inclui players como as fintechs Dock (que vem fazendo aquisições para crescer na América Latina), FitBank (investida do J.P. Morgan), Zoop (que tem a Movile como acionista), Swap, entre outros.
Bancos de diferentes portes também vêm avançando em estruturas de BaaS e suas derivações, como CaaS (credit as a service). São instituições como BV, Original, ABC Brasil, BTG Pactual, Itaú, HSBC, Alfa, Modal, Genial e outras.
O avanço desse segmento está diretamente relacionado à tendência de ‘embedded finance’ (serviços financeiros embutidos), um movimento que tende a se intensificar com a implementação do Open Finance.
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