Os economistas Alexandre Liuzzi e Fernando Pavani poderiam ter se esbarrado nos corredores de uma faculdade, mas foi a prática de surf que os uniu, com uma amizade que perdura há pelo menos 18 anos. Os laços também viraram negócio. Ambos com experiência no mercado financeiro, incluindo passagens por gigantes como Itaú Unibanco, Santander, JP Morgan e Franklin Templeton, Pavani e Liuzzi se juntaram em meados de 2015 com uma ideia de montar uma plataforma que permitisse transferir dinheiro do Brasil para outros países. Dali, nasceria a Remessa Online.
Com recursos próprios, ergueram a primeira versão do sistema em 2016, inicialmente voltado para pessoa física.
“Era um serviço caro e, muitas vezes, demorava dias para conseguir fazer. Eu tinha vivido essa dor quando estudei fora.”
O primeiro investidor a acreditar no potencial do negócio foi o ex-sócio da XP, Marcelo Maisonnave, hoje investidor de várias startups, como Warren, StartSe e Fitbank. Em 2017, Maisonnave injetou recursos em rodada seed.
No ano seguinte, a Remessa Online captaria cerca de R$ 20 milhões em um series A feita por Global Founders Capital e MAR ventures. “No início de 2018, começamos a desenvolver infraestrutura própria em que conseguimos acompanhar a transação como um todo”, explica o empreendedor.
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No ano passado, a fintech deu um dos passos mais importantes da sua trajetória ao expandir a atuação para pequenas e médias empresas (PME). A demanda veio dos próprios clientes.
“A gente tinha caso de pequenos exportadores, desenvolvedores, designers, por exemplo, que demoravam dois meses para ter cadastro aprovado na instituição financeira, além de pagar spreads.”
Hoje, pela plataforma, pequenos negócios e profissionais autônomos conseguem fazer remessas internacionais em um prazo estimado de 1 dia útil para a quantia cair na conta de destino (no caso de envio) e 2 dias úteis (para recebimentos), com spread de 1,3%, além de IOF e taxa bancária, cobranças obrigatórias.
“Não temos outras tarifas, que podem chegar a 10% da transação em algumas instituições financeiras ou casas de câmbio.”
Caixa cheio
Com o dinheiro recém-captado na rodada de R$ 110 milhões, liderada pela Kaszek Ventures, com participação de Kevin Efrusy, sócio do fundo americano Accel, e da Bewater Ventures, a Remessa Online planeja aprimorar a plataforma para PME, levando uma experiência cada vez mais próxima à oferecida para clientes PF. Os planos incluem, ainda, um investimento maior em marketing para atrair novas empresas.
“Para a PJ, vamos agregar novos serviços, com integração com ERPs e possibilidade de travar câmbio.”
Desde o lançamento, no segundo semestre de 2019, o segmento PME tem crescido num ritmo acelerado. Ao todo, são 3 mil clientes PJ ativos, de um total de mais de 20 mil cadastrados. Em volume, esse público representa 40%. Durante a pandemia, a expansão da base se mantém, segundo o empreendedor. Na PF, houve uma desaceleração, principalmente por conta do cancelamento de viagens, férias e outros planos das pessoas no exterior.
Com R$ 10 bilhões transacionados e mais de 300 mil clientes PF atendidos desde a fundação em 2016, a fintech espera que o volume de transações cresça 90% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2019. Por ora, o time de mais de 200 pessoas está em home office, mas a empresa está planejando um retorno gradual ao novo escritório, em Pinheiros, para onde a startup se mudou no início deste ano.
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