RECEBÍVEIS

B3 compra CRDC por R$ 15 milhões de olho no novo mercado de duplicatas escriturais

Pelo acordo, a dona da bolsa brasileira poderá comprar fatia restante do negócio a partir de 2030; CRDC tem como investidora a Associação Comercial de São Paulo

Espaço B3
Espaço B3 | Imagem: divulgação

A B3 anunciou na noite de quinta-feira (19/9) a compra de 60% da Central de Registro de Direitos Creditórios (CRDC) por R$ 15 milhões. O acordo prevê a aquisição da fatia remascente a partir de 2030, sujeita ao atingimento de determinadas metas. Registradora de recebíveis, a CRDC tem como investidora a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que continuará detendo participação no negócio.

De acordo com comunicado, a operação também envolve uma parceria de longo prazo com a ACSP. O objetivo é fortalecer os produtos e serviços oferecidos pela CRDC e pela B3, informou a dona da bolsa brasileira.

Criada em 2014, a CRDC nasceu para centralizar informações sobre recebíveis e facilitar o acesso ao crédito para Pequenas e Médias Empresas (PMEs) no Brasil. Ao contrário da maioria das outras registradoras, a CRDC não atua com recebíveis de cartões. “Nosso negócio é a ponta, a economia real”, disse Ivan Lopes, em entrevista ao Finsiders Brasil em janeiro deste ano.

Conforme a B3, a aquisição da CRDC faz parte da estratégia de posicionamento como “solução de infraestrutura na jornada de crédito”. A companhia vem buscando avançar no novo mercado de duplicatas escriturais. Nesse sentido, inclusive, anunciou a compra de 62% da fintech Shipay por R$ 37 milhões.  

Os movimentos fazem parte da estratégia da B3 para ir além do tradicional mercado financeiro – ações, opções, commodities etc. Em seu processo de diversificação dos negócios, a dona da bolsa brasileira busca avançar em searas como crédito, atuando como infraestrutura para o promissor mercado de duplicatas escriturais, prestes a ser destravado.

Crédito para PMEs

“A CRDC tem participação importante na originação de recebíveis, com presença no mercado de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e na economia real. A parceria com a Associação Comercial de São Paulo busca utilizar essa capilaridade de atuação para trazer benefícios às pequenas e médias empresas”, disse André Veiga Milanez, diretor-executivo Financeiro, Administrativo e de Relações com Investidores da B3, no comunicado.

Segundo Ivan, da CRDC, a empresa seguirá na missão de facilitar o acesso das PMEs a crédito. E agora contará com toda a estrutura da B3. “Certamente nos ajudará a chegar cada vez mais a esses agentes, tão importantes para o funcionamento da economia brasileira”, afirmou.

A compra da CRDC pela B3 depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do cumprimento do requisito regulatório de notificação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).