Quem acompanha o ecossistema de startups vai lembrar quando tudo ainda era mato no chamado equity-crowdfunding. Nos últimos anos, a modalidade ganhou força, impulsionada, é bem verdade, pelo ambiente de juros baixos (o que já não existe mais). Mais do que isso, aumentaram o número e a diversidade de plataformas.
Um relatório feito pela plataforma de investimento em startups CapTable deixa claro o avanço do segmento, embora ainda seja pequeno no país comparado a outros mercados. De acordo com o levantamento, que está sendo divulgado nesta quarta-feira (26), os investimentos coletivos em startups via plataformas mais do que triplicaram entre 2020 e 2021, atingindo R$ 124,4 milhões.
Para chegar a esse número, a CapTable pesquisou dados em captações públicas realizadas por dez plataformas especializadas em equity-crowdfunding: a própria CapTable, além de SMU Investimentos, EqSeed, Kria, Beegin.invest, Organismo Brasil, Whishe, Efund Investimentos, Cluster 21 e Clearbook.
Em 2021, as plataformas, juntas, fizeram 75 captações, mais do que o dobro ante 2020, quando foram registradas 33 ofertas.
Em volume captado e quantidade de rodadas concluídas, a CapTable lidera o ranking, ficando responsável por mais de um terço do total levantado via plataformas, com quase R$ 50 milhões aportados em 29 startups. Apesar de ser 5x maior em relação à cifra da empresa em 2020, o valor ficou abaixo da meta de R$ 100 milhões, inicialmente definida pelos empreendedores.
Em segundo lugar, aparece a SMU (que ficou na primeira colocação em 2020), com R$ 28,15 milhões captados em 15 rodadas, seguida por EqSeed, com R$ 24,22 milhões levantados em 16 ofertas.
Em expansão
“É perceptível que os empreendedores estão enxergando no investimento coletivo via plataforma a melhor saída para levantar aporte para seu negócio. São demonstrativos claros de um mercado aquecido e que tende a continuar se expandindo em 2022”, afirma Guilherme Enck, cofundador da CapTable, em nota.
De acordo com dados da CVM, existem 55 plataformas de crowdfunding em funcionamento no Brasil. Os últimos dados da autarquia apontam que em 2020, esse segmento já havia captado 43% a mais do que em 2019, ao movimentar R$ 84,401 milhões. O valor também foi 10x superior aos R$ 8,342 milhões levantados em 2016, ano anterior à regulamentação específica pela CVM.
Outros relatórios já divulgados pelo Finsiders apontam que os investimentos em startups crescem em várias frentes. No geral, se não atingiram os R$ 10 bilhões em 2021 – como no caso do relatório da Sling Hub – se aproximaram disso — pesquisa do Distrito registrou R$ 9,4 bilhões aportados nessas empresas de tecnologia.
Especificamente em VCs, as startups foram responsáveis por levantar a marca histórica de R$ 46,5 bilhões no ano passado. E fintechs foram as grandes estrelas desses resultados, segundo pesquisa realizada pela KPMG e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).
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