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“Momento é oportuno para investir no Brasil”, diz Diana Narváez, da Flourish Ventures

A líder de investimentos revelou em evento sobre fintechs quais as estratégias da gestora de Venture Capital (VC)

Diana Narváez/Flourish Ventures
Diana Narváez/Flourish Ventures | Imagem: divulgação/Startse

O momento atual é um dos mais promissores para o ecossistema de startups e fintechs no Brasil. A opinião é da líder de investimentos da Flourish Ventures, Diana Narváez. “Não sei se já teve um momento melhor para investir”, afirmou ela, que representa a América Latina no fundo de impacto global que aposta em empresas com potencial de transformar o sistema financeiro. Diana participou nesta quinta-feira (15/5) de painel no “Fintech & Insurance StartSe 2025”.

No Brasil, a Flourish tem investimentos nas fintechs Kamino, Neon e Swap. Diana explicou o que move a gestora a apostar nesse nicho, mesmo diante de tantos players estabelecidos. “Quando a gente investe num insurgente, a gente está apostando que ele tem mais chance de tomar decisões e se mover com rapidez, diferente dos incumbentes”. Segundo ela, grandes instituições carregam estruturas hierárquicas pesadas e uma cultura de aversão ao risco que freiam a inovação.

Com passagens por consultorias como a McKinsey e startups em Nova York e São Paulo, Diana compartilhou sua própria experiência de transição entre mundos. “Na McKinsey, para mudar alguma coisa, você precisava convencer cinco camadas de chefes. Numa startup, eu podia pensar em uma promoção pela manhã e, uma hora depois, estar lançando a campanha com o time de marketing. Isso é fascinante”, contou.

Pessoas e propósitos

No estágio em que a Flourish costuma investir — early-stage, com equipes ainda pequenas —, o olhar do fundo está totalmente voltado para o time fundador. “A aposta é 100% no empreendedor. A pergunta é: essa pessoa tem visão? Tem capacidade de executar?”, disse Diana.

Mais do que performance, o alinhamento com a missão da Flourish é determinante. O fundo tem como foco empresas que não apenas cresçam financeiramente, mas que desafiem o status quo do sistema financeiro tradicional. “Queremos que os empreendedores que apoiamos também vejam que, além de criar uma empresa muito grande, eles têm a chance de pressionar instituições que ficaram no passado. A gente quer ver o sistema mudar por causa disso.”

Novo olhar para o Brasil

Diana também abordou o atual redirecionamento de capital global, provocado por fatores como a instabilidade nos Estados Unidos e tensões geopolíticas. “Talvez os EUA não sejam hoje o melhor lugar para estar, e posso dizer isso porque sou americana”, comentou. Nascida na Colômbia, ela viveu quase 20 anos nos EUA e obteve a cidadania. Ela vê o Brasil se beneficiando desse novo xadrez internacional.

Segundo ela, o Brasil sempre teve uma posição diplomática neutra e estratégica, o que o torna um país “com amigos ao redor do mundo”. A crescente demanda por serviços e produtos da América Latina, somada à maturidade do mercado de capitais local, cria um ambiente fértil para inovação. “O Brasil está muito bem posicionado para atacar esse futuro que se vê.”

Mercados emergentes

Diana também comparou o Brasil com outros países onde a Flourish atua, como Índia, Quênia e Singapura. Ela destacou a escala e a sofisticação do mercado brasileiro, ainda que muitos problemas estruturais persistam. “Temos um mercado enorme, sofisticado e cheio de desafios para resolver — isso é uma oportunidade imensa.” Em relação a outros países da América Latina, ela afirmou que vivemos uns dez anos à frente, em termos de finanças e tecnologia.

Ela relatou que colegas da Índia se surpreendem com a diversidade e a complexidade do mercado brasileiro. “Lá, o sistema é muito mais centralizado. Aqui, conseguimos fazer muita coisa e ainda temos muito espaço para crescimento.”