CORPORATE BANK

Stark Bank amplia oferta e quer ser a principal conta das empresas

Stark Bank busca licença de banco múltiplo, começa a investir em marketing e traça estratégia para principalidade em menos de dois anos

Rafael Stark/Stark Bank - Imagem: Divulgação
Rafael Stark/Stark Bank - Imagem: Divulgação

A cartilha de criação de um banco digital prega que é preciso começar com um tipo de produto e, uma vez consolidado, ampliar a oferta na busca por escala. O Stark Bank, no entanto, tem seguido um caminho diferente, com uma estratégia mais ampla. “A gente acredita nesse all-in-one. A nossa tese é escalar esse multiproduto e em breve brigar para ser o banco principal, pela principalidade”, diz Rafael Stark, fundador da fintech.

De acordo com ele, a entrada nessa disputa vai acontecer em menos de dois anos na medida que o leque de ofertas é ampliado. O Stark Bank já se posiciona como um “corporate bank completo para o seu negócio”, com produtos como conta, cartão corporativo, crédito, Pix, cobranças e recebimentos. Em meados de abril, lançou o produto de adquirência.

Na fila do que está por vir estão novas modalidades de crédito, câmbio e até cripto. “Tudo que você quiser fazer em milésimos de segundos, eu quero que o Stark tenha a capacidade de te entregar isso. O produto de câmbio que a gente está desenhando, eu quero que você possa mandar do Brasil para os EUA, e vice-versa, em tempo real”, diz Rafael, acrescentando a meta de se tornar o primeiro “banco em tempo real” do mundo.  

Multiproduto

Hoje, 60% da base do Stark Bank usa três ou mais produtos da casa. Até o fim do ano, o objetivo é chegar a 90%. “Estamos em expansão de produtos. E uma vez que fazemos com que os clientes usem dois, três, cinco, 10 produtos, eventualmente a gente vira o principal”, conta Rafael. Mais produtos com mais uso levam a uma diversificação das fontes de receita e aceleração do crescimento. Por isso essa rota foi escolhida logo de cara.  

A estratégia multiproduto tem ainda mais um detalhe distinto de outras fintechs. Enquanto a maioria não quer ser enquadrada como banco, o Stark Bank quer justamente isso – o que não é tanta surpresa porque já traz isso no nome. O Startups apurou que ela está em busca de uma licença de banco múltiplo junto ao Banco Central. Perguntado sobre isso, Rafael desconversou. “Isso vai ser outra pauta”, disse. Criado há seis anos, o Stark Bank opera atualmente como uma Sociedade de Crédito Direto (SCD).

Esforço de marketing

Tornar-se o banco de preferência de uma empresa envolve fatores tangíveis como a oferta de serviços, mas também tem componentes intangíveis como a confiança e o reconhecimento da marca. Por essa razão, o Stark Bank buscou uma nota de crédito da Fitch Rating inédita para um banco digital e começou o ano investindo pesado em marketing.

Segundo Marcela Rezende, ex-MadeiraMadeiraAlpargatas, entre outras marcas, que assumiu a área de marketing em janeiro, o orçamento para este ano é de 10% da receita. “Para quem nunca fez nada, é algo muito significativo”, diz Marcela. A ideia é posicionar o marketing de duas formas: que as empresas tenham ouvido falar do Stark Bank e também que vejam a instituição como algo desejável e que procurem por ele.

Em abril, o banco foi um dos principais patrocinadores da conferência Brazil at Silicon Valley (BSV). Agora em maio, vai levar duas empresas clientes para assistir ao GP de Mônaco, um dos mais tradicionais – e luxuosos – da Fórmula 1. Para participar, a empresa precisava acumular R$ 100 mil em gastos no cartão durante o período da promoção (1º de março a 30 de abril). Os nomes dos ganhadores sairão dia 15. A corrida acontece dia 26.

Segundo Rafael, esse tipo de ação é importante para posicionar o Stark Bank como um banco forte em relacionamento. “Você tem que se conectar, entender o negócio do cliente, os desafios, e mostrar que a sua solução resolve o problema. E essa venda consultiva é o que nós estamos investindo muito agora”, diz.

Perfil de clientes e crescimento

Atualmente, o Stark Bank atende quatro tipos de clientes: startups, comércio eletrônico, empresas médias e grandes empresas. São 600 logos incluindo nomes como GolLocalizaLoft e Daki. De acordo com Rafael, o objetivo é manter uma carteira que equilibre os diferentes perfis e não cause concentração ou dependência.

Tendo o Pix como principal produto, a fintech movimentou R$ 155 bilhões em pagamentos em 2023, três vezes mais que um ano antes. Com isso, ela dobrou seu lucro, chegando a R$ 71,5 milhões. Foi o terceiro ano consecutivo de rentabilidade de cinco anos de história. Foram R$ 3 milhões em 2021 e mais de R$ 30 milhões em 2022.

Um dos trunfos para conseguir esse resultado é manter uma operação enxuta. São só 100 pessoas na equipe. “O pessoal acredita que se tiver uma preocupação com eficiência você não cresce exponencialmente. Mas a gente tem mostrado que é possível você se preocupar com otimizações ao longo da jornada e ainda assim dar lucro líquido. Porque uma vez que você não se importa com isso e fica muito grande, é difícil fazer a mudança”, prega Rafael.

Em seis anos, o Stark Bank captou mais de US$ 61 milhões de investidores como Ribbit CapitalSEA – dona da Shopee – e o Bezos Expeditionsfundo pessoal de Jeff Bezos, fundador da Amazon. De acordo com o fundador, ainda é possível manter o ritmo de crescimento registrado nos últimos tempos por conta dos bons resultados até aqui.

*Conteúdo publicado originalmente pelo site parceiro Startups.