VENTURE CAPITAL

Hiker Ventures: “A busca por um unicórnio mata 100 empresas”

Fundado no fim de 2023 pela boutique de M&As mineira Araújo Fontes, fundo quer preparar empresas para 'early exits'

Rodrigo Moreira e Guilherme Chernicharo/Hiker Ventures - Imagem: Divulgação
Rodrigo Moreira e Guilherme Chernicharo/Hiker Ventures - Imagem: Divulgação

A busca pelo próximo unicórnio é o objetivo de muitos investidores de venture capital, mas não da Hiker Ventures. Fundado no final do ano passado pela boutique de M&As mineira Araújo Fontes, o fundo está mais interessado em preparar as startups para possíveis exits (saídas) no meio do caminho. Com cinco empresas investidas, o VC planeja mais três ou quatro investimentos ainda este ano, com cheques de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões.

Em entrevista ao site Startups, Rodrigo Moreira e Guilherme Chernicharo, sócios do fundo Hiker, da AF Invest, a gestora da Araújo Fontes, contam que o propósito do fundo é gerar valor para o empreendedor e construir uma jornada em que ele, por sua vez, gere valor para outra empresa.

“Essa busca pelo early exit tem muito a ver com esse ecossistema que a gente tem construído para o primeiro fundo. Por que eu vou buscar um IPO, se eu tenho um bom mercado de M&A no Brasil que vai dar resultado, vai resolver a vida do empreendedor e vai dar retorno ao cotista? Aquele ativo que vai mudar o mundo e se tornar o novo Facebook, e vai valer mil vezes o que eu investi, está cada vez mais difícil de ser encontrado”, explica Rodrigo. “A busca por um unicórnio necessariamente mata outras 100 empresas, porque o dinheiro do fundo é finito, então se uma empresa começa a ter dificuldades, o investidor acaba deixando essa de lado e focando na que está dando resultado.”

Até o ‘exit’

Por meio da Hiker, que vem da palavra hike — escalar, em inglês —, Rodrigo e Guilherme querem acompanhar as empresas durante toda a trajetória até o exit, usando a sua própria experiência como empreendedores. É também por esse motivo que o fundo irá investir em poucas empresas, para que todas sejam acompanhadas de perto nesse processo.

Engenheiro de formação, Guilherme esteve entre os primeiros diretores do WeWork no Brasil e foi responsável por alavancar a operação da empresa no país. Já Rodrigo criou dezenas de empresas. Montou, ainda, a consultoria Smartalk, que ajudou a conduzir o pitch de vendas da Reserva para a Arezzo, em 2020. No ano seguinte, assumiu como diretor de marketing e inovação no Cruzeiro, até a venda do time de futebol mineiro para o ex-jogador Ronaldo em 2022.

“A gente traz essa visão de capacidade de execução, de ajudar o empreendedor nesse estágio de crescimento um pouco acelerado”, avalia.

Critérios

As primeiras três empresas investidas pelo fundo foram de Minas Gerais, em função da proximidade com os investidores, que ficam em Belo Horizonte. A partir de junho, porém, o fundo começará a fazer investimentos em empresas de outros estados, como São Paulo.

Apesar de ser agnóstico, o fundo tem alguns critérios para investir. O principal deles é que as empresas estejam em estágios de pré-seed ou seed, e tenham faturamento anual de pelo menos R$ 1 milhão. A Hiker entra para dar tração e ajudar a startup a alcançar um faturamento de R$ 10 milhões ao ano. Nesse ponto, o empreendedor pode tanto buscar uma série A quanto fazer um exit.

“A decisão está na mão do empreendedor. O que a gente deixa claro é que nós somos uma boutique de investimentos, nós conhecemos os compradores e vamos trazer uma proposta. Se você gerar valor para um grande player no mercado, essa conversa vai acontecer. Mas nosso ponto é deixar o empreendedor confortável e ajudar nessa tomada de decisão dele”, afirma Rodrigo.

*Conteúdo publicado originalmente no site parceiro Startups.