CRISE

Americanas encerra Ame e coloca à venda ativos da fintech

A varejista em recuperação judicial contratou a Centria Partners para ajudar na venda da licença de IP da fintech e outros ativos

Americanas e Ame
Americanas e Ame | Reprodução: LinkedIn

Desde que entrou em recuperação judicial, a Americanas tenta dar um destino para sua fintech, a Ame Digital. Primeiro, a varejista admitiu a venda do negócio. Depois, recuou. Agora, cravou o desfecho da operação, com o encerramento das atividades da plataforma de serviços financeiros.

Em comunicado ao mercado nesta segunda-feira (2/9), a Americanas informou que a Ame Digital deixará de prestar os serviços de conta de pagamento, credenciadora e participante indireta no Pix. A fintech opera como instituição de pagamento (IP) regulada pelo Banco Central (BC) desde outubro de 2022.

No e-mail enviado a clientes hoje, a Ame diz que as contas de pagamento serão encerradas em 30 dias, caso os clientes não tenham dinheiro na conta. Já para quem tem recursos lá, será possível usá-los em compras à vista nas lojas físicas da Americanas, assim como transferir o saldo para uma outra instituição financeira. Isso precisa ser feito até dia 2 de novembro. “Assim que você estiver sem saldo, encerraremos a sua conta.”

De acordo com a Americanas, o objetivo é concentrar suas soluções em um novo programa de fidelidade. “Parte do time e das atividades que não são escopo de instituição de pagamento da Ame Digital serão transferidos para Americanas, se juntando à sua própria equipe de serviços financeiros”, disse a empresa.

Nesse sentido, a varejista contratou a consultoria Centria Capital Partners como assessor financeiro para buscar potenciais interessados em comprar o CNPJ da Ame. Fazem parte do “pacote” a licença de IP e outros ativos detidos pela fintech.

Contexto

Criada em 2018, a Ame nasceu como uma carteira digital para atender o ecossistema da Americanas e ganhou corpo, tornando-se uma plataforma financeira. Tanto é que, para fortalecer a estratégia, realizou três aquisições: a financeira Parati e as fintechs Bit Capital, de banking as a service (BaaS), e Nexoos, de empréstimos peer-to-peer (P2P) e credit as a service (CaaS).

Com o escândalo da fraude bilionária e a recuperação judicial, a Americanas vem buscando alternativas para seus negócios. Em serviços financeiros, por exemplo, vendeu recentemente a Parati para a fintech de crédito Meutudo.

Conforme dados no sistema IFData, do Banco Central, a Ame teve lucro líquido de R$ 8,14 milhões no primeiro trimestre deste ano. Já o ativo total era de R$ 1,24 bilhão ao final de março. Segundo informações no site do BC, a fintech soma mais de 32 milhões de clientes.