A AQPago, fintech de pagamentos do grupo AQBank, resolveu pivotar seu modelo de negócio. Antes focada em pequenos lojistas, a empresa agora visa grandes players, incluindo marketplaces, empresas de tecnologia, e até o setor de apostas esportivas. A mudança envolve a ampliação do seu portfólio de produtos, com a inclusão do Banking as a Service (BaaS) e Payments White Label.
Em entrevista ao Finsiders Brasil, Robson Daniel Pereira Marques, vice-presidente de Negócios e Compliance da techfin, diz que a mudança visa posicionar a AQPago como referência em soluções financeiras personalizadas e escaláveis.
Denis Deli, vice-presidente de Marketing e Vendas da holding AQBank, explica que a mudança foi motivada pela busca por escala com maior eficiência. “Atender pequenos lojistas demanda muito esforço e recursos para alcançar relevância. Com o B2B, conseguimos maior visibilidade e volume de transações ao trabalhar com empresas que já têm estrutura e grande demanda por soluções financeiras”, afirma.
Salto de 1.000%
A grande aposta da AQPago para 2025 é ampliar o volume de transações processadas. A meta é crescer de R$ 160 milhões anuais para R$ 1,6 bilhão, um salto de 1.000%. Para isso, a empresa planeja fortalecer sua presença nos setores de apostas esportivas, e-commerce e produtos digitais. O segmento de apostas, em especial, já representa um importante cliente para a fintech. “Quem está fora do mercado de bets esportivas está fora do planeta. É um setor com enorme volume de transações e alta demanda por soluções ágeis e seguras”, acredita Robson.
A nova estratégia inclui o desenvolvimento de tecnologias white-label, que permitem aos parceiros criarem suas próprias marcas de pagamentos e operações financeiras. Robson ressalta: “Agora, oferecemos nossa infraestrutura para que empresas possam operar com a própria marca, como uma fintech personalizada, sem precisar investir em tecnologia própria. Isso nos posiciona como parceiros de negócios ideais para grandes volumes.”
Atualmente, a AQPago oferece maquininhas de pagamento, contas digitais integradas ao AQBank (com funcionalidades como Pix, cartões pré-pagos e de crédito), gestão de pagamento de contas, seguros, e antecipação de saques do FGTS em parceria com outras empresas. O próximo passo é oferecer soluções de crédito, que dependem da aprovação da licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) pelo Banco Central (BC), prevista para o final de 2025. A AQPago deu entrada no pedido em setembro.
Licença de IP
O Pix desempenha papel central nas operações da AQPago e do AQBank, que movimentaram R$ 2,6 bilhões em 2024, até a primeira quinzena de dezembro. Para continuar operando nesse mercado, a AQPago está em processo de obtenção da licença de Instituição de Pagamento (IP) junto ao BC, com aprovação prevista para o começo de 2025.
“A licença de IP vai nos permitir ampliar nossa oferta e consolidar nosso modelo de negócios. Estamos estruturando a empresa para operar como uma fintech regulamentada, pronta para atender as maiores demandas do mercado financeiro”, explica Robson.
A AQPago opera de forma interligada ao AQBank, banco digital do grupo. Enquanto a AQPago processa pagamentos e transações de clientes, o AQBank realiza a liquidação financeira e oferece serviços como contas digitais e cartões corporativos. “As duas marcas se complementam. Trabalhar com grandes volumes exige integração entre pagamentos e soluções bancárias, e é isso que oferecemos aos nossos parceiros”, ressalta Denis.
A AQPago quer criar um hub financeiro que concentre todas as soluções de que empresas precisam, eliminando a necessidade de múltiplos fornecedores. “Queremos que nossos clientes encontrem tudo em um só lugar, desde maquininhas e gateways de pagamento até serviços de contabilidade e crédito. Isso facilita a gestão, reduz custos e agrega valor”, diz Denis.
Com um modelo baseado em personalização, a AQPago busca atender demandas específicas de cada parceiro. “Ao invés de oferecer pacotes fechados, desenvolvemos soluções sob medida. Essa flexibilidade é nosso grande diferencial”, acredita Robson.