Instituições financeiras e demais autorizadas a funcionar pelo Banco Central (BC) deverão compartilhar entre si dados e informações sobre fraudes e golpes no Sistema Financeiro Nacional (SFN) e no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). A medida consta da Resolução Conjunta CMN/BCB 6, publicada nesta terça-feira (23).
Com prazo de implementação até 1º de novembro deste ano, a norma tem como objetivo “reduzir a assimetria de informação no acesso a dados e informações utilizadas para subsidiar procedimentos e controles dessas instituições para prevenção de fraudes”, informa o BC em nota divulgada à imprensa.
Segundo o órgão, a medida possibilitará o aprimoramento da capacidade de prevenção de fraudes por parte das instituições financeiras, assim como melhorar seus controles internos. De acordo com o BC, precisará ser compartilhado um rol mínimo de informações, como:
- Identificação de quem teria executado ou tentado executar a fraude;
- Descrição dos indícios da ocorrência ou da tentativa de fraude;
- Identificação da instituição responsável pelo registro dos dados e das informações; e
- Identificação dos dados da conta destinatária e de seu titular, em caso de transferência ou pagamento de recursos.
“As instituições são responsáveis pela utilização dos dados e das informações obtidos em consulta ao sistema eletrônico, bem como pela preservação de seu sigilo bancário”, diz o BC, que prossegue. “Além disso, as instituições deverão obter de seus clientes consentimento para tratamento e compartilhamento dos dados de fraudes, a constar em contrato firmado com cláusula de destaque.”
Escalada de fraudes
A norma editada pelo regulador ocorre num momento de explosão dos golpes e fraudes no setor financeiro, em meio ao uso crescente de canais digitais para realizar pagamentos, transferências e outras operações. Não à toa, segurança cibernética segue como prioridade na agenda dos executivos de tecnologia dos bancos para 2023, de acordo com a primeira parte da pesquisa anual de tecnologia bancária da Febraban, em conjunto com a Deloitte.
Um estudo recente feito pela idwall, plataforma de verificação de identidade, gestão de riscos e onboarding digital, em parceria com a Cadarnn Consultoria, identificou que 46,5% dos entrevistados sofreram golpes de clonagem de cartão nos últimos 12 meses; 21,3% foram vítimas de golpes digitais (phishing, ransomware e roubo de informação); 20,7% de vazamento de dados; e 11,5% foram alvos de fraudes (como a abertura de conta por um terceiro).
Nos últimos tempos, o Banco Central também tem reforçado as medidas de segurança para o Pix. Uma das novidades recentes é que os usuários possam especificar o tipo de notificação, como golpe, estelionato e invasão de conta, e o tipo de fraude cometida, a exemplo de uma conta aberta em nome de terceiros.
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