O futuro dos pagamentos nos próximos cinco anos será marcado pela substituição das senhas por biometria, integração entre o Pix e o sistema de cartões, e uma explosão no uso de carteiras digitais. Essa foi a visão compartilhada por executivos da Visa, Mastercard e Elo em painel na “Casa Adyen 2024”. O evento aconteceu em São Paulo no dia 6/11.
“A gente acredita em uma combinação entre segurança e conveniência. Eliminando as senhas e integrando métodos como reconhecimento facial e biometria comportamental, garantimos mais segurança e agilidade no pagamento”, afirmou Marcelo Tangioni, CEO da Mastercard no Brasil. Ele explicou que, além do reconhecimento facial, métodos como análise do padrão de digitação e a localização do usuário trarão mais segurança às transações. A meta é um processo de pagamento mais simples, sem comprometer a segurança.
Rodrigo Cury, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Visa no Brasil, destacou que o Pix já mudou o mercado. A tendência é integrá-lo ainda mais com o sistema de cartões, criando um sistema híbrido que aumente a segurança. “O Pix trouxe uma nova camada de complexidade, pois se aproxima dos sistemas tradicionais de transferência, como TED e SPB [Sistema de Pagamentos Brasileiro]”, disse Giancarlo Greco, CEO da Elo, ao comentar que o uso do Pix integrado aos sistemas de cartões permitirá uma rede mais robusta e segura.
Carteiras digitais
A expectativa para o aumento das carteiras digitais também foi consenso entre os executivos. Para Giancarlo, o mercado brasileiro está mais preparado do que nunca para essa transformação. “Temos hoje 7 milhões de terminais preparados para aceitar carteiras digitais, como Apple Pay, o que mostra o quanto a infraestrutura avançou”, afirmou. Segundo Rodrigo, a adoção de carteiras digitais será uma das principais transformações do mercado de pagamentos, uma tendência que deve ganhar cada vez mais espaço e concorrer diretamente com o uso de cartões físicos.
No cenário de pagamentos digitais, as bandeiras de cartões também estão expandindo seu papel. Giancarlo observou que o propósito das bandeiras vai além da emissão de cartões, buscando facilitar as transações em várias modalidades. “A emissão de cartões faz parte do nosso negócio, mas não é o único meio. Nosso propósito é permitir que as pessoas possam pagar e receber da maneira que preferirem.” Nesse sentido, Marcelo destacou que a Mastercard tem desenvolvido sistemas de pagamento instantâneo em outros países, como no Reino Unido, em paralelo com o Pix no Brasil.
Para sustentar essas mudanças, os executivos reforçaram a importância da regulação. O executivo da Visa destacou que a presença do regulador brasileiro é essencial para garantir que o avanço tecnológico seja seguro e benéfico para o consumidor. “A digitalização é uma tendência, mas a regulação também desempenha um papel fundamental”, afirmou. Ele acrescentou que ferramentas como o Drex – o real digital brasileiro – são inovações que aumentam a competitividade no mercado e precisam de regras claras.