A Bitfy, primeira carteira multiuso para custódia própria de criptomoedas do Brasil, recebeu um aporte Série A de R$ 13,3 milhões. A rodada foi liderada pelo investidora americana com foco em blockchain Borderless Capital. E contou com outros investidores como a plataforma Algorand, a Dash Investment Foundation e investidores-anjos dos Estados Unidos. Assim, a Bitfy atingiu o valor de mercado avaliado em R$ 120 milhões.
A criptotech vai usar esses recursos em novas tecnologias, contratação de profissionais – hoje são cerca de 30 – e campanhas para aumentar a base de usuários, hoje de mais de 80 mil. Essa é a função de Tony Marchese, que já passou pelo iFood no México e Uber. Recentemente, o executivo deixou de ser só investidor anjo na empresa para ser o Chief Marketing Office (CMO) em tempo integral. A Bitfy afirma que já transacionou R$ 70 milhões.
Lucas Schoch, fundador e CEO da Bitfy, disse ao Blocknews que sua empresa é uma espécie de PicPay das criptomoedas. E para crescer, umas das ações é, por exemplo, parcerias com empresas como Cielo, iFood, McDonald’s, Evino e Hering para pagamentos por meio da sua carteira.
Schoch disse que ao buscar os investimentos, houve foco em investidores estrangeiros, embora haja brasileiros que morem nos EUA no grupo. “Acreditamos que precisamos de players que estejam expostos às criptomoedas como sócios. Procuramos fundos e empresas para dar lastro para nosso produto”.
Além disso, completou, “no Brasil não havia fundos expostos a criptomoedas e não queríamos ser uma dúvida para eles. Queríamos que olhassem para nós e tivessem certeza do que estavam fazendo”.
Bitfy começou com CEO jogando com criptomoedas
Schoch é desenvolvedor e aprendeu a programar de curioso com 14 anos e na empresa do pai. “Jogava online e pagava em reais até aparecer bitcoin. Fiz um software para máquinas minerarem para mim de madrugada”. Hoje, tem consciência de que não é uma boa. Isso foi por volta de 2011, quando a cripto atingiu o preço de US$ 1 pela primeira vez (hoje, 16, está em US$ 49 mil).
Dois anos depois, em 2013, quando o Mercado Bitcoin começou a operar, um amigo o lembrou das criptos. “Achei que estivesse milionário”. Naquele ano, o preço da criptomoeda começou a subir mais e variou de US$ 13 em janeiro a cerca de US$ 800 no final do ano, chegando a superar US$ 1 mil no período. Foi verificar e descobriu que tinha 6. Mas já tinha gasto 1 mil jogando. “Cheguei a comprar um tigre por 400 bitcoins para andar ao meu lado num jogo”.
A questão toda é que a partir daí começou a querer entender mais sobre bitcoin. “Olhava para aquilo e entendia a ‘economics’ (ciência econômica) de uma criptomoeda, já que isso era fácil para quem era de jogo. Mas, não entendia a tecnologia.” Na sequência fez um pool de mineração, porque o dele foi desligado. Construiu um algoritmo e fez arbitragem até 2017. “Com o boom de preço daquele ano, resolvi construir um produto”.
Assim surgiu a Warp Exchange, para empresas receberem pagamentos em criptomoedas. “Mas, ninguém tinha criptomoeda. Quando tinha era em corretora ou pirâmide”. No primeiro ano, mesmo com 1,2 mil credenciados, houve quatro transações 3 deram problema. “Peguei a tecnologia para ver o que dava para fazer. Vi que as pessoas não tinham usar cripto no dia-a-dia e com segurança. Para isso, precisam de carteira e de um ecossistema em que estejam inseridas”.