Boa Vista e Red Ventures se unem para criar marketplace de serviços financeiros

Com a joint-venture, anunciada ontem, Boa Vista e Red Ventures vão construir um ecossistema de soluções financeiras

A Boa Vista e a Red Ventures estão criando uma joint-venture. O acordo, anunciado ontem à noite, envolve a unidade de negócios Consumidor Positivo e a Acordo Certo — fintech adquirida pela Boa Vista em dezembro de 2020. Já do lado do grupo norte-americano, a nova companhia vai incorporar a plataforma de recomendação de produtos financeiros iq. Além disso, a Red Ventures vai aportar R$ 70 milhões no negócio.

Com a união, o objetivo é reunir num só lugar consulta de score de crédito, renegociação de dívidas e marketplace de produtos financeiros (empréstimos, contas digitais, cartões, entre outros) — a JV não vai atuar com concessão de crédito diretamente. Na prática, a ideia é montar um ecossistema de soluções financeiras, num momento em que as empresas do setor buscam manter o engajamento e a recorrência do cliente.

Pelos termos da parceria, a Red Ventures ficará com 50% de participação mais uma ação. Já a Boa Vista terá a opção de compra do controle do negócio após cinco anos. As duas companhias terão direito de veto em assuntos estratégicos, tais como matérias orçamentárias, de proteção à liquidez e solvência do negócio, diz o fato relevante.

O nome da nova companhia ainda não foi definido. Pelo acordo, a Boa Vista indicará diretamente o CFO, enquanto a Red Ventures terá o direito de apontar o COO — ambas escolhem o CEO, por meio de lista tríplice. A transação precisa ser aprovada pelos acionistas por meio de assembleia geral e também será submetida ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Ecossistema que será criado por Boa Vista e Red Ventures (Foto: Reprodução/apresentação RI Boa Vista)
O Consumidor Positivo é um site e aplicativo da Boa Vista que permite ao consumidor consultar gratuitamente seu score, informações do Cadastro Positivo e suas eventuais dívidas em atraso. Já o Acordo Certo é uma plataforma online de renegociação de dívidas adquirida no fim de 2020 pela Boa Vista numa operação que pode chegar a R$ 100,6 milhões após a conclusão da operação, conforme cumprimento de metas e outras condições.

A Red Ventures, por sua vez, é um portfólio com mais de 100 marcas e plataformas digitais, que somam mais de 250 milhões visitantes mensais. No Brasil, além do iq, o grupo também controla a fintech de previdência corporativa Onze.

“É com muita alegria que anunciamos esta parceria que é motivo de orgulho e satisfação para a Boa Vista poder se associar à Red Ventures, um grupo global com expertise em marketing digital e data science e com amplo conhecimento em B2C”, diz Dirceu Gardel, CEO da Boa Vista, em nota. A nova empresa também permitirá à Boa Vista dar foco para o mercado B2B, complementa Lucas Guedes, vice-presidente de negócios da companhia.

“A associação com uma companhia tão qualificada e vencedora quanto a Boa Vista será um grande avanço em nossa estratégia de ampliar a presença no país”, afirma Daniel Santos, CEO da Red Ventures Brasil. “Há muito em comum entre as nossas companhias. Red Ventures e Boa Vista ofertam, por meio da tecnologia, inteligência, análise e informações úteis para decisões vitais para empresas e consumidores.”

Mercado

A transação ocorre num momento em que os maiores birôs de crédito vêm se movimentando para enfrentar a acirrada competição no setor, que tende a se acentuar com a implementação do Open Finance.

A Serasa Experian, por exemplo, adquiriu a BRScan, a agtech Brain AG e a fintech PagueVeloz e também assinou cheques para fintechs como PayHop e Traive por meio do Experian Ventures, o braço de Venture Capital.

Já a Quod, birô de crédito controlado pelos cinco maiores bancos do país, anunciou no início do mês que receberá um investimento estratégico de R$ 420 milhões da norte-americana LexisNexis Risk Solutions, fornecedora de soluções de avaliação de risco e compliance.

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