Os negócios no mercado de câmbio caminham a passos largos no Brasil. Exemplo disso é que, das 90 startups com soluções de blockchain para o setor financeiro, 51 (28,2% do total) são empresas de câmbio e moeda, conforme dados da empresa de inovação Distrito. Este cenário seria ainda mais promissor se não fosse a legislação brasileira, que resulta em processos morosos, burocracia e alto custo operacional.
A boa notícia é que houve avanços recentemente. No começo de setembro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central (BC) alteraram a regulamentação cambial e de capitais internacionais. Em suma, as novas regras que passarão a valer em setembro de 2022, liberam as instituições de pagamento (IPs) a operarem no mercado de câmbio, sendo que atualmente somente os bancos e corretoras realizam as operações.
Na avaliação de Odilon Costa, diretor-executivo da Sinqia, estamos assistindo a uma abertura gradual do segmento para as fintechs. Ele explica que as corretoras de câmbio saíram de operações em posição própria de US$ 100 mil para US$ 300 mil. Já as IPs que se enquadrarem poderão operar até US$ 100 mil. Ao mesmo tempo, os pagamentos unilaterais sem exigência de documentação, que estavam em US$ 3 mil, sobem para US$ 10 mil com as novas regras.
E não para por aí. As possibilidades a serem exploradas são vastas, tais como o recebimento de operações em contas de pagamentos em IPs que utilizam a plataforma do Pix ou por meio das instituições financeiras autorizadas a operar no mercado de câmbio. O próprio BC espera que essas regras permitam abrir caminho para o Pix Internacional.
Hoje, existem aproximadamente 160 instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio brasileiro, sendo menos de 100 delas em atividade. Estimativa do BC aponta que, de um universo de mais de 1,2 mil fintechs, 900 delas podem participar deste novo mercado, em caso de interesse. “Esta é uma janela de oportunidades que deve crescer e promover disrupturas no modelo tradicional de negócios de câmbio”, diz Odilon.
“O grande desafio e oportunidade para as fintechs é o engajamento neste novo mundo de câmbio desenvolvendo soluções de serviços de valor agregado aos clientes eliminando burocracias e proporcionando agilidade e redução de custos operacionais.”
O câmbio as a service (CaaS) ajuda as instituições a se inserirem neste contexto, ao sair de um ambiente atual do tradicional para a nova era digital globalizada, ofertando serviços de qualidade e criando um ambiente aberto e controlado. Estes benefícios ainda são somados às possibilidades de parcerias com novos entrantes por meio do Open Banking, explica o executivo.
Esta é a visão estratégica da Sinqia, que desenvolveu um novo produto de CaaS, projetado totalmente em nuvem pública, podendo ser instalado ‘on-premise’ ou em uma nuvem privada, a critério da instituição financeira (IF).
O lançamento se conecta com as demais soluções oferecidas pela companhia. Atualmente, a empresa reúne em seu portfólio mais de 60 produtos de câmbio, comércio exterior, trade finance e trade services on e offshore, que serão disponibilizados baseados em um forte cronograma de disponibilização durante o próximo ano.
Odilon explica que, para a parte do acesso do cliente, serão disponibilizados portais de ‘front multi device’, os quais permitirão o contato direto da instituição financeira com seus clientes, além de conexão por meio de APIs da parte financeira diretamente com seus sistemas de ERPs. Já para os parceiros serão disponibilizadas APIs com as quais poderão se comunicar com a IF para repasse de negócios capturados, assim como consultas aos diversos estágios do processamento da operação para feedbacks aos clientes.
O CaaS atende bancos múltiplos, comerciais, de investimento, de desenvolvimento e de câmbio, além de agências de fomento, financeiras, corretoras e distribuidoras, assim como instituições de pagamento (IPs) autorizadas a funcionar pelo BC, que prestam serviço como emissor de moeda eletrônica, entre outros. A Sinqia espera uma alta taxa de adesão do mercado ao seu novo produto.
“A interoperabilidade será fundamental para a conexão entre distintos sistemas heterogêneos dos clientes, parceiros e IFs proporcionada pela disponibilidade de APIs e meios de pagamentos. Dentro deste contexto, inserimos o CaaS para que nossos clientes maximizem sua eficiência operacional com redução significativa em seus custos”, afirma Odilon.
Na avaliação do executivo, ainda é preciso esperar alguns itens que ficaram indefinidos no escopo do projeto de lei (PL) 5.387, de 2019, que prevê a modernização do mercado de câmbio e está em tramitação no Senado. “Novos produtos e serviços surgirão a partir destas resoluções e aumentará a integração entre as IFs autorizadas e não autorizadas a operar no mercado de câmbio.”
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