LICENÇA

Cora recebe aprovação do BC para atuar como financeira

Até então, a fintech para PMEs tinha uma licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD), que só pode operar com recursos próprios

Igor Senra e Leonardo Mendes/Cora - Imagem: Divulgação
Igor Senra e Leonardo Mendes/Cora - Imagem: Divulgação

A Cora, fintech para pequenas e médias empresas (PMEs), acaba de receber a autorização do Banco Central (BC) para operar como financeira. O aval do regulador saiu na edição desta terça-feira (2/7) do Diário Oficial da União. 

Na prática, a empresa obteve o ‘sinal verde’ do BC para migrar de uma Sociedade de Crédito Direto (SCD) — licença que tinha desde junho de 2020 — para uma Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI) — nome técnico para as financeiras. 

Além do capital mínimo regulatório superior às SCDs, as financeiras podem captar recursos do público por meio de diferentes instrumentos, como Recibos de Depósitos Bancários (RDBs) — equivalentes aos CDBs de bancos — e Letras de Câmbio (LCs), ambos com proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).  Esse tipo de instituição levanta dinheiro, ainda, por meio de Depósitos Interfinanceiros (DI), operações de cessão de créditos e Depósitos a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Créditos – DPGE. 

As SCDs, por sua vez, podem operar somente com recursos próprios. Ou seja, não captam depósitos junto ao público. Muitas delas, por exemplo, cedem os créditos de sua carteira a fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) para acessar outros “bolsos”. Utilizam, ainda, instrumentos de securitização como funding para suas operações de empréstimos. 

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Novos produtos e funding

Para o fundador e CEO da Cora, Igor Senra, a licença abrirá de forma expressiva o leque de produtos de crédito para a fintech. A companhia até então tinha sua base em dois produtos – o de conta empresarial e cartão de crédito. Em um papo com o site parceiro Startups, Igor revela que a autorização do BC não apenas abre possibilidades para oferta de crédito, mas também para produtos de investimentos.

“Isso nos dá a possibilidade de criar um ciclo positivo, permitindo aos clientes ter produtos como saldo remunerado, como um CDB, e isso também se converte para o negócio como um mecanismo de funding para outros produtos”, explica Igor.

O CEO ressalta que a Cora pretende “atacar” o segmento de crédito com sustentabilidade, começando com produtos como o CDB no saldo da conta PJ e um outro voltado ao capital de giro para PMEs. “Entendemos que nosso cliente já corre riscos o suficiente no seu dia-a-dia do negócio. Ele não quer mais riscos na hora de investir”, avalia.

Rumo ao lucro

Fundada em 2019, a Cora está em busca do resultado positivo na última linha do balanço, assim como diversas empresas do setor. Para avançar nessa direção, a fintech precisou enxugar a equipe, demitindo 47 pessoas em janeiro deste ano. Na época, Igor atribuiu a decisão à busca por sustentabilidade e geração de lucro.

Atualmente, a fintech conta com cerca de 1,4 milhão de clientes, o que segundo Igor, representa um market share de 5% das PMEs no país. Para este ano, o plano da Cora é crescer a sua receita em 50%. “Essa estimativa é sem contar o que podemos rentabilizar com um produto como o saldo remunerado. Sabemos que podemos aumentar esse percentual, e ainda estamos pra ver o quanto.”

*Com informações do Startups.