Correntistas terão acesso a todo seu dinheiro do Silicon Valley Bank

A decisão conjunta do Fed, Tesouro e FDIC ocorre dois dias depois da intervenção no Silicon Valley Bank (SVB)

O ecossistema de startups e venture capital respira aliviado. Na noite deste domingo (12), o governo norte-americano anunciou o encerramento definitivo das operações do Silicon Valley Bank (SVB) e assegurou que os correntistas da instituição terão acesso a todos os seus recursos a partir desta segunda-feira (13), mesmo aqueles com valores acima de US$ 250 mil — como prevê a regra do FDIC.

Em comunicado conjunto assinado por Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), e Martin Gruenberg, presidente do FDIC, as autoridades afirmam que a medida está sendo tomada para “proteger a economia dos EUA” e “fortalecer a confiança do público” no sistema bancário do país.

“Essa etapa garantirá que o sistema bancário dos EUA continue a desempenhar seu papel vital de proteger os depósitos e fornecer acesso ao crédito para famílias e empresas de maneira a promover um crescimento econômico forte e sustentável”, diz o texto.

As autoridades informam que “nenhuma perda associada à resolução do Silicon Valley Bank será suportada pelo contribuinte”. Conforme a decisão, não serão protegidos acionistas e detentores de alguns títulos de dívida. Além disso, a alta administração da instituição também será removida.

O material não deixa claro o que ficou acertado para os pagamentos. O que se sabe é que o governo vinha tendo tratativas com outras instituições para vender ativos do SVB, informa o portal parceiro Startups. De acordo com o governo, os cidadãos não serão onerados com o ressarcimento dos recursos do banco. A conta de qualquer perda relacionada ao pagamento a quem tinha recursos acima do limite previsto pelo FDIC (até US$ 250 mil) será dividida por um rateio entre bancos.

No mesmo comunicado, os órgãos anunciaram o fechamento do Signature Bank, um banco comercial do Estado de Nova York que tinha aproximadamente US$ 110,36 bilhões em ativos totais e US$ 88,59 bilhões ao final de dezembro de 2022. Do mesmo modo que o SVB, todos os depositantes terão acesso a seus recursos. “Tal como acontece com a resolução do Silicon Valley Bank, nenhuma perda será suportada pelo contribuinte”, diz o texto.

Por fim, o Federal Reserve anunciou que disponibilizará financiamento adicional para instituições depositárias elegíveis para ajudar a garantir que os bancos tenham a capacidade de atender às necessidades de todos os seus depositantes.

“O sistema bancário dos EUA continua resiliente e com bases sólidas, em grande parte devido às reformas feitas após a crise financeira que garantiram melhores salvaguardas para o setor bancário. Essas reformas combinadas com as ações de hoje demonstram nosso compromisso de tomar as medidas necessárias para garantir que as poupanças dos depositantes permaneçam seguras”, conclui o comunicado do governo.

Contexto

A decisão conjunta do Fed, Tesouro e FDIC ocorre dois dias depois do fechamento do Silicon Valley Bank pela instituição que garante os depósitos no mercado norte-americano. O “banco das startups” quebrou após uma corrida de startups e investidores para tirar dinheiro do banco e, ao mesmo tempo, a busca desesperada do SVB por capital.

Conforme reportou o “The Wall Street Journal”, foi a segunda maior falência bancária da história norte-americana e a maior desde a crise financeira global de 2008, conhecida como “crise do subprime”. O Silicon Valley Bank era o 16º maior banco dos EUA, com aproximadamente US$ 209 bilhões em ativos totais ao final de 2022.

O colapso do SVB acontece depois de uma semana em que o banco predileto das startups e empresas de tecnologia anunciou uma tentativa de captar US$ 2,25 bilhões por meio de uma oferta pública de ações e aporte de investidores como a General Atlantic, após sofrer perdas de US$ 1,8 bilhão com sua carteira de títulos do Tesouro norte-americano.

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