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O crowdfunding de investimento movimentou R$ 84,4 milhões em 2020, um incremento de 43% em relação aos R$ 59 milhões registrados no ano anterior. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (5) pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O valor apurado em 2020 é dez vezes superior aos R$ 8,34 milhões captados em 2016, um ano antes da regulamentação específica (Instrução CVM 588).
Segundo o relatório da autarquia, houve uma evolução de 23% no número de investidores que aportam recursos nessa modalidade, saltando de 6.720 para 8.725, entre 2019 e 2020. O aporte médio por investidor passou de R$ 8.786,26 em 2019 para R$ 10.199,55 em 2020.
Já a quantidade de ofertas lançadas nas plataformas de crowdfunding de investimento passou de 81 para 106 no mesmo período — as operações captadas com sucesso saíram de 60 em 2019 para 74 no ano passado. O valor médio de captação por oferta também bateu recorde, chegando a R$ 1,14 milhão.
Vale destacar que novas plataformas vêm sendo criadas nos últimos anos. Entre 2018 e 2020, a quantidade de plataformas mais do que dobrou, de 16 para 32, conforme a CVM. Uma tendência é a criação de negócios de nicho, para além do equity-crowdfunding, como crowdfunding imobiliário (Inco), ativos alternativos (Balko, Bloxs e Hurst), além das mais tradicionais, em que startups levantam recursos, como CapTable, EqSeed, SMU Investimentos e a pioneira Kria (antiga Broota).
“Percebemos que, apesar da crise econômica decorrente do enfrentamento da pandemia, os números relacionados ao crowdfunding demonstram que o mecanismo não só continuou crescendo como foi um importante aliado dos emissores de pequeno porte para atravessar esse ano tão difícil”, analisa Antonio Berwanger, superintendente de desenvolvimento de mercado (SDM) da CVM, em nota à imprensa.
Como o Finsiders publicou recentemente, a CapTable, plataforma de equity-crowdfunding da StartSe, está otimista para 2021. Espera captar R$ 100 milhões para 40 startups até o fim deste ano, volume que será impulsionado por alguns mandatos que a fintech está fechando, incluindo participação de family offices, fundos de Corporate Venture, venture debt, além de grupos de investidores-anjos.
Entre fevereiro e março, devem ser abertas cinco ofertas na plataforma. “Algumas dessas operações provavelmente vão ser negociações mais privadas, outras serão mistas e várias 100% crowdfunding pulverizado”, disse Paulo Deitos Filho, CEO da CapTable, em entrevista exclusiva à Finsiders.
O empreendedor — que atua em crowdfunding desde 2013 e fundou a Urbe.me (crowdfunding imobiliário) — espera um novo “boom” para esse mercado em 2021, algo maior do que o observado assim que saiu a regulamentação da CVM, em 2017.
“Tenho dito há algum tempo que o crowdfunding deve ser a porta de entrada para o mercado de capitais. Já temos startups indo para a bolsa, mas tem um monte de startup que não tem esse porte. Já começa a ser uma preparação para essas startups se posicionarem para o mercado de capitais.”
O avanço do segmento também está relacionado ao próprio amadurecimento do ecossistema de startups, sem contar os ‘exits’, que acabam gerando mais confiança para empreendedores e investidores. Deitos lembra que, de todas as captações feitas na CapTable, 15 startups levantaram o capital com sucesso, uma (4.events) está com a oferta aberta, e uma não conseguiu captar. No total, a plataforma já analisou mais de 500 negócios.
Já a Balko, plataforma de ativos alternativos, prevê distribuir R$ 100 milhões em pelo menos 20 rodadas ao longo deste ano. A expectativa é atingir R$ 1 bilhão em 2023, disse o cofundador e COO, Pablo Staubli, ao Finsiders.
“O grande diferencial é que essa é, possivelmente, a última oportunidade de comprar precatório para receber ainda este ano. Apostamos no bom desempenho do mercado de ativos alternativos e estamos a todo vapor. No ano passado, distribuímos R$ 6 milhões em ativos”, afirmou Staubli.
Leia o relatório completo da CVM aqui.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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