A Ebury, fintech inglesa comprada pelo Santander no ano passado, fechou acordo para adquirir o brasileiro Bexs. A Ebury é especializada em transações internacionais para a pequena e média empresa, presente em 20 países. O acordo envolve a compra de 100% do Bexs Banco (câmbio) e Bexs Pay (pagamentos). A aquisição, sujeita ao aval das autoridades, visa atender de modo digital as empresas que vendem online seus produtos no Brasil, em especial marketplaces, aplicativos e softwares.
Em nota, a Ebury lista sinergias com o Bexs, que também viabiliza a realização de grandes fluxos de pagamentos feitos do exterior para o Brasil e a abertura de contas em outros países, permitindo que mesmo empresas de pequeno porte possam transacionar diretamente na moeda de cada mercado, sem necessariamente internalizar os recursos. Sediada em São Paulo, em 2021 a instituição fez mais de 30 milhões de transações que integraram o câmbio à solução local do Pix, e operações de câmbio que ultrapassaram a marca de R$ 20 bilhões.
“O Bexs é uma empresa mais tech do que fin, capaz de aliar soluções escaláveis globalmente a uma profunda expertise em regulação cambial. A parceria com a Ebury abrirá uma carteira de potenciais clientes em outros mercados”, afirma Sérgio Rial, ex presidente executivo do Santander Brasil e hoje, do Conselho de Administração do banco e da Ebury. “Além disso, sua tecnologia e modelo de negócios ímpares para pagamentos massivos podem ser replicadas em outras geografias. As possibilidades de sinergia são quase ilimitadas.”
Nascido em 1989 como Didier Corretora de Câmbio, o Bexs recebeu em 2010 a autorização do Banco Central para atuar como banco de câmbio e passou a usar o nome Bexs. Em 2012, lançou a tecnologia para e-commerce cross-border, permitindo sua atuação nos segmentos de marketplaces e SaaS (software as a service). Há quase quatro anos, ganhou novo impulso ao tornar-se uma plataforma API, permitindo a integração de seus sistemas diretamente com grandes players do mundo digital, do Brasil e do exterior.
Desta forma, um pequeno e-commerce baseado na China, por exemplo, pode realizar suas vendas no Brasil por meio de um marketplace e receber diretamente em dólares, ou outra moeda internacional. No sentido inverso, uma rede social pode utilizar a plataforma para garantir o fluxo constante de remuneração de influencers, um tipo de operação que se caracteriza por um grande volume de micropagamentos com conversão de moedas. A plataforma ainda pode ser usada por corretoras para viabilizar investimentos de seus clientes no exterior.
Entre os clientes que já utilizam o serviço do Bexs no Brasil estão algumas das maiores empresas dos segmentos de marketplace, pagamentos, redes sociais, além de corretoras e agritechs.
Nos termos do acordo assinado com a Ebury, o CEO do Bexs, Luiz Henrique Didier Jr., seguirá à frente das operações no Brasil. Após as aprovações regulatórias, a instituição fará parte da estrutura da Ebury. As sinergias a serem exploradas entre as empresas do Grupo são muitas, a começar pelo comércio digital internacional.
“Temos presença em 20 países e o Brasil não podia ficar de fora. Além disso, é a nossa porta para a América Latina”, comenta Fernando Pierri, Chief Commercial Officer (CCO) da Ebury. “O Brasil ainda é muito fechado ao comércio exterior, mas vem mudando rapidamente, buscando acelerar sua internacionalização. O País tem assinado acordos de livre comércio, a exemplo do selado com a União Europeia, e também vem aperfeiçoando suas regras cambiais. Isso tudo vai impulsionar a demanda por câmbio e contas no exterior.”
A Ebury é responsável por um fluxo US$ 23 bilhões em transações entre empresas a cada ano e está sediada em Londres, de onde administra escritórios na Europa, Ásia, Oriente Médio e Américas.