
Há pouco mais de um ano e meio de operação, a mineira Ecx Pay vem ampliando sua atuação nos últimos meses. Especializada em benefícios flexíveis, a fintech lançou em março de 2025 a modalidade de antecipação salarial e colocou na rua uma solução de vale-transporte batizada internamente de “Pix transporte”. Também está dando os primeiros passos no mercado de despesas corporativas.
Com potencial de dobrar a receita da Ecx Pay até 2026, o “Pix transporte” é uma das grandes apostas da empresa. A novidade é que o VT tem integração com o Pix (para isso, a Ecx Pay usa a plataforma de Banking as a Service Swap), com gestão feita pelo cartão multibenefícios bandeira Mastercard.
“Já temos empresas em São Paulo e em Belo Horizonte usando essa solução. O foco está em crescer nos atuais clientes da base. Neste mês de julho, devemos fechar com R$ 30 milhões transacionados só com VT”, explica o cofundador João Henrique Innecco. “Hoje conseguimos atender todos os municípios que aceitam Pix para recarga de transporte.”
Diferenciais
Outro diferencial, segundo o empreendedor, é que a plataforma analisa o histórico de uso do cartão e calcula quanto o funcionário ainda possui de saldo no momento da renovação. Assim, as empresas depositam apenas o valor complementar necessário para o mês seguinte. No modelo tradicional, o RH das companhias precisa estimar o valor mensal necessário para o vale-transporte de cada colaborador. “Isso resulta em saldos ociosos, recargas excessivas ou controle manual”, diz.
Além disso, a Ecx Pay permite que o saldo depositado pelas empresas seja usado com o CPF do funcionário. Isso pode reduzir o custo da tarifa, a depender do município. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o valor para compra de créditos por empresas (VT) é de R$ 5,49 por viagem de ônibus e R$ 10,71 na tarifa integrada (ônibus + metrô ou trem). Quando a pessoa física adquire os créditos, a viagem de ônibus custa R$ 5,20 enquanto a integrada sai por R$ 8,90, conforme a tabela da SPTrans.
Multibenefícios
Parte do grupo Ecx Card, uma empresa de benefícios fundada em 1993 pelo pai de João, a Ecx Pay nasceu em resposta às mudanças no setor. Historicamente concentrado em poucos players, o mercado de benefícios assiste nos últimos anos à entrada de novos competidores, como Caju, Flash e iFood Benefícios. As regulamentações também vêm mudando para incentivar a concorrência e reduzir custos.
A Ecx Pay integra numa plataforma os tradicionais vale-alimentação (VA) e vale-refeição (VR), assim como outros benefícios oferecidos pelas empresas, premiações e antecipação salarial. Em março deste ano, a fintech começou a oferecer antecipação salarial com recursos próprios. Em breve, de acordo com ele, a ideia é reforçar o funding (capacidade de financiamento) com algum instrumento de mercado, por exemplo, Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).
Nos últimos meses, a Ecx Pay também vem testando soluções em despesas corporativas, outro mercado bastante competitivo com nomes como Clara, Conta Simples e Jeeves, para ficar em alguns exemplos. “Já temos um piloto com alguns clientes. Agora estamos desenvolvendo um cartão corporativo com módulo de gestão de frota, que devemos lançar em seis a oito meses”, revela João. “A ideia é permitir controle em tempo real dos gastos com abastecimento. O motorista insere as informações do abastecimento e a compra é pré-autorizada. Isso evita, então, que ele use o cartão da empresa para abastecer seu próprio carro, uma situação que ainda é muito comum.”
Expansão
A entrada em vale-transporte e despesas corporativas é parte do esforço da Ecx Pay para diversificar as receitas. A estratégia envolve, principalmente, aumentar o cross-sell (venda cruzada de produtos) em sua base atual de clientes. “Temos clientes que começaram transacionando R$ 10 mil por mês num só produto e que hoje movimentam mais de R$ 600 mil/mês em mais de uma solução”, cita João.
Com faturamento anual de R$ 12 milhões, a expectativa da Ecx Pay é dobrar esse valor nos próximos 12 meses, diz o cofundador. O volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) deve saltar de R$ 115 milhões em 2024 para R$ 400 milhões neste ano. “Devemos exceder essa projeção porque ela não considera antecipação salarial e VT”, diz o cofundador.
Atualmente, a startup atende mais de 1,2 mil empresas em todo o Brasil, incluindo nomes como MRV, Unipar, Fini e V4 Company. Juntas, essas organizações têm cerca de 50 mil colaboradores. A expectativa é ganhar espaço em mercados pouco explorados e com oportunidade de crescimento, como a região Nordeste, comenta Pedro Wanderley, que chegou à fintech em junho como diretor responsável por Receita (Chief Revenue Officer, CRO).