Nos últimos dez anos, os avanços não foram poucos. Mas ainda resta um abismo a transpor no Brasil, quando o assunto é finanças. Inclusão e educação financeira não andaram exatamente juntas por aqui. Pelo menos, na visão de dois especialistas no assunto: o ‘papa das fintechs’ Bruno Diniz e o ‘papai financeiro’ Thiago Godoy.
Em bate papo durante o 19º episódio do talk show “Quem está faltando aqui”, da YPETV, eles falam sobre o que evoluiu e o que ainda precisa melhorar. O abismo é particularmente extenso tanto no caso de pessoas quanto no de micro, pequenas e médias empresas.
“Ficar tomando crédito o tempo inteiro, ou ficar parcelando tudo, não é inclusão financeira. Não existe liberdade democrática sem inclusão financeira e digital. E não existe inclusão financeira de verdade sem educação financeira”, diz Thiago.
“Com a entrada das fintechs, a gente já superou essa barreira do acesso. Hoje não basta só ter esse acesso ao produto conta, por exemplo. Tem que ter plenas capacidades de usufruir de soluções financeiras que vão ajudar você a progredir na vida”, afirma Bruno.
Consumismo
Questões culturais, geracionais e, claro, econômicas afetam a relação das pessoas com o dinheiro. E essa relação, por sua vez, afeta a vida das pessoas de forma dramática. “No Brasil, existe uma dinâmica financeira que, na maioria das vezes, é tóxica para o consumidor. Mas nos Estados Unidos também não é muito diferente, pois 76% das famílias americanas consideram o dinheiro a maior fonte de estresse na vida delas. É a cultura do consumismo. O endividamento descontrolado é prejudicial às pessoas”, diz Thiago. “Quando alguém se enrola com cartão de crédito, demora dois ou três anos para quitar tudo no Brasil, aqui os juros são muito altos”.
Apesar do aumento da concorrência com o advento das fintechs que, por sua vez, trouxeram novas tecnologias que permitem a empresas não financeiras virarem quase bancos, especialistas alertam que o entendimento de todas essas novidades é crucial, mas ainda baixo. Ou seja, até o acesso pleno pode ser um problema para quem não tem educação financeira.
“Por muito tempo se perpetuou uma dinâmica que, no final das contas, tirava vantagem daquele que sabia menos”, diz Bruno. “Adicionar o valor do cheque especial no saldo final, como se o dinheiro fosse do cliente, faz com que as pessoas sejam induzidas ao erro. Então, a própria consciência em tomar crédito e ofertar esse crédito é algo que precisa melhorar.”
A íntegra do bate papo, conduzido pelo âncora João Bezerra Leite e pela jornalista Léa De Luca, sócia-fundadora do portal Finsiders Brasil, pode ser assistida aqui: