ESPECIALIZAÇÃO

Fintechs para nichos de mercado e cadeias de valor devem ganhar força

Para executivos de Dock, Stark Bank e QI Tech, setor caminha para consolidação, movimentando até um "mercado" de licenças

Da esq. para a dir., Diogo Frenkel (Dock), Bruno Braz (Stark Bank), Pedro Mac Dowell (QI Tech) e Pedro Carvalho (Fitch Ratings)
Da esq. para a dir., Diogo Frenkel (Dock), Bruno Braz (Stark Bank), Pedro Mac Dowell (QI Tech) e Pedro Carvalho (Fitch Ratings) | Imagem: Danylo Martins

Depois do boom de fintechs e bancos digitais na última década, a tendência é que ocorram uma consolidação no setor e o desenvolvimento de negócios voltados para nichos de mercado ou cadeias de valor. Essa é a perspectiva de executivos de Dock, Stark Bank e QI Tech, que debateram a evolução do “fintech as a service” em evento da agência de classificação de risco Fitch Ratings nesta quarta-feira (6/11), no Cubo Itaú.

Para Diogo Frenkel, executivo-chefe de finanças (CFO) da Dock, nos últimos anos houve o surgimento de quatro perfis de empresas no setor, principalmente. Além dos “neobancos” que nasceram para desbravar um mercado historicamente concentrado, ele destaca fintechs para nichos ou públicos específicos, assim como soluções para cadeias de valor e as próprias provedoras de tecnologia e Banking as a Service (BaaS).

Na visão do executivo, na categoria dos neobancos, o mercado está maduro e caminha para uma consolidação. “Eu diria que [o mercado] está até saturado. De vez em quando um gringo anuncia que está vindo para o Brasil. Não acredito que quem tem 10 milhões de contas na Inglaterra vá ter uma marca forte no Brasil”, disse Diogo. Ele prevê um setor com mais iniciativas voltadas para determinados nichos ou públicos, principalmente em crédito. “Acho que esse é, talvez, o futuro do crédito.”

Oportunidades e parcerias

Como o mercado endereçável é muito grande, as oportunidades continuam existindo, afirmou Pedro Mac Dowell, fundador e executivo-chefe (CEO) da QI Tech. “Ainda tem muita coisa para construir, e no final vai ter uma consolidação em alguns players que vão levar essa corrida. Nós, inclusive, devemos ajudar nesse processo porque temos bastante disponibilidade de recursos”, disse. Há cerca de um ano, a QI Tech captou US$ 200 milhões e, em abril de 2024, fez uma extensão de US$ 50 milhões.

Os executivos concordam que a competição é acirrada no setor, mas também existe um espaço cada vez maior para parcerias. Por exemplo, há casos de fintechs que concorrem entre si em determinados produtos ou segmentos, ao mesmo tempo em que desenvolvem soluções em conjunto para crescer e abrir novas linhas de receita. “Eu não acredito nessa ideia de Davi contra Golias. O mercado ganha quando você se junta com pessoas que fazem coisas melhores que você”, disse Bruno Braz, sócio e executivo-chefe de operações (COO) do Stark Bank.

Outro movimento que ganha força é o de cancelamento ou venda de licenças de fintechs junto ao Banco Central (BC), depois da onda de novas instituições. “Talvez o boom tenha acabado. As pessoas estão vendo que não é tão simples operar uma licença. Mas também temos visto fintechs que tinham licença de IP [Instituição de Pagamento] ou SCD [Sociedade de Crédito Direto] pedindo uma licença mais completa, de banco ou financeira”, observou Diogo, da Dock.