Tudo começou na semana passada quando a conta de Instagram da empresa começou a expor prints de clientes insatisfeitos. “Esta conta não está hackeada, somente a equipe de marketing do banco que cansou de ser enganada”, dizia um texto que apareceu no perfil oficial do banco na rede social. O quiprocó foi notícia no site Em Off, do IG, e em diversos portais.
Segundo apurou a reportagem do Startups — portal parceiro do Finsiders –, as postagens no perfil partiram de Gus Lara, influencer de dicas de marketing com cerca de 90 mil seguidores, que prestava serviços para a companhia, e postou stories em seu perfil pessoal falando sobre o banco, dizendo que iria expor a verdade sobre a fintech que tem Carlinhos Maia como sócio.
Nas postagens feita em seu perfil e na conta invadida do Girabank – que em alguns casos remetiam ao perfil pessoal do influencer – , ele compartilhou prints de reclamações feitas por clientes de que o banco digital estaria “roubando” dinheiro da conta de correntistas, “mascarando-os” em meio a erros de operação. Entre os problemas apresentados, estariam dificuldade em fazer pagamentos via pix, contas bloqueadas sem ressarcimento dos valores depositados, e falta de atendimento por parte do banco.
Entre os relatos expostos pelo influencer, as quantias perdidas pelos usuários variam de R$ 500 a mais de R$ 8 mil perdidos em investimentos. Os prints estão circulando nas redes sociais, apesar de não estarem mais disponíveis no perfil de Gus Lara.
Para se defender das denúncias, no fim de semana o próprio Carlinhos Maia publicou um posicionamento em seus perfis de rede social. “Desde de manhã estou vendo uns portais falando do Girabank. Não acreditem nisso, a gente não está roubando dinheiro de ninguém, é um banco digital como qualquer outro banco que tem seus problemas, suas falhas, sai do ar e volta. Se tivesse roubando dinheiro desse tanto de gente aí já teria vindo à tona. Até onde eu sei, porque minha parte é divulgar o Girabank. Sou apenas sócio”, afirmou.
Fintech nas fofocas
Ao ter como sócio um notório influencer, sempre em evidência nos sites de fofoca, o Girabank acabou se tornando parte do circo. Durante o fim de semana, vários veículos mais focados em boatos de celebridade repercutiram as denúncias feitas contra o neobanco, o que assustou os outros sócios da empresa.
“Por termos uma personalidade das redes sociais como sócio, aconteceu destas reclamações atingirem proporções maiores do que imaginávamos. O Itaú também recebe reclamações de clientes indignados, que acusam o banco de roubar seu dinheiro, mas ninguém marca o Roberto Setúbal nos posts”, dispara Pedro Marrey Sanchez, fundador e um dos principais sócios, em conversa com o Startups.
Além de Carlinhos Maia como um dos sócios-investidores, a empresa tem como founders os empresários Pedro Marrey Sanchez (fundador da fintech Prudentte Bank), Miguel Teixeira (fundador do Grupo Concept Franchising) e Luiz Guzman (empresário na área de franchising, startup e food service).
“Todo esse tumulto (nas redes sociais) nos assustou bastante, pois afeta a imagem do banco. Por outro lado, quanto ao core business, estamos bastante tranquilos, por que não tivemos nenhum problema de segurança”, completou Pedro.
Por falar em imagem, o Girabank afirmou que o “bafafá” não chegou a respingar na atual oferta pública que está fazendo na plataforma de crowdfunding Divi.hub. Em dezembro, a fintech abriu a captação, com a meta de levantar R$ 10 milhões por 2,55% do negócio. O projeto é fruto de uma parceria com a Raketo, a “venture market” lançada em agosto por Fred Santoro (ex-AWS).
Invasão e reclamações
“A conta oficial do Instagram foi invadida e as postagens publicadas com o objetivo único e exclusivo de causar tumulto, dúvidas e confusão. Isso desencadeou comentários negativos a respeito de instabilidades em nossa plataforma”, explicou o banco em nota.
Pedro Marrey afirma que a sabotagem do perfil da empresa partiu de Gus Lara, que trabalhou como prestador de serviços para o time de marketing do Girabank e “sequestrou” o perfil de Instagram da empresa. Segundo ele, a conta não tinha sido recuperada até o dia de hoje (27). “Estamos para receber a liminar de justiça para reaver o acesso”, afirma. Procurado pela reportagem do Startups, Gus Lara não respondeu às perguntas enviadas.
Quanto às denúncias de contas retidas e valores perdidos, a empresa destacou que a banco opera dentro da regulamentação do Banco Central. “Episódios pontuais, quando ocorrem, são rapidamente detectados e sanados sem que isso comprometa a segurança das informações, transações e recursos depositados em conta”, afirmou o Girabank em comunicado.
Segundo explica o fundador do Girabank, o banco tem 99,7% de suas queixas no Reclame Aqui respondidas, sendo que a maioria está relacionada às dificuldades atuais da fintech em suportar a demanda por novos cartões. Atualmente, a empresa tem como fornecedor de BaaS a Bankly (antigo Acesso Bank), do Méliuz.
Aliás, de acordo com o executivo, toda a repercussão acabou resultando em reflexos positivos para o banco. “Depois das respostas dadas por Carlinhos Maia sobre a polêmica, registramos um pico de novos clientes”, revela o executivo. “Começamos com um projeto para 200 mil clientes, e estamos agora lidando com mais de 1,5 milhão de usuários interessados. É um universo novo para nós”, afirma Pedro sobre os desafios fora do core business de seu banco.
*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.
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