Os bancos BV, BTG, BMG e a corretora XP – que vêm investindo forte na vertical de fintechs, seja como compradores seja como fornecedores de serviços de banco para essas startups – apresentaram mais um trimestre de lucros em alta. Dos quatro listados abaixo, apenas um, o BMG, registrou redução dos ganhos. Mesmo assim, no consolidado a alta em um ano foi de 62%.
O Banco BMG registrou lucro líquido contábil de R$ 42 milhões no terceiro trimestre de 2021 (3T21), o que representa uma diminuição de 56,1% em relação ao mesmo período de 2020. Já o lucro líquido recorrente totalizou R$ 50 milhões no 3T21, queda de 42,8% na comparação com igual etapa de 2020.
Apesar da retração, o banco mineiro segue firme sua meta de transformação digital: aos 91 anos de idade, conquistou nos últimos três anos mais de 5 milhões de contas digitais.
Dando mais um passo na estratégico de criar um ecossistema de investidas visando a geração de valor, anunciou a compra da O2OBOTS, fintech que atua no desenvolvimento, licenciamento e manutenção de software especializado em chatbots com inteligência artificial para venda de produtos financeiros e de seguros.
“Fintechs para serem analisadas não faltam, mas é preciso um trabalho de mapeamento e searching – nosso parceiro nessa jornada é a Bossa Nova Investimentos”, diz Eduardo Mazon, diretor executivo no BMG, em entrevista ao canal do Youtube Papo de Fintech de João Bezerra Leite. Segundo ele, a decisão de comprar ou investir numa fintech é baseada no fit do que o banco pretende estrategicamente, na capacidade de resolver uma dor que temos internamente e a cultura da startup”. Uma das aquisições mais bem sucedidas do BMG foi da Granito, empresa de adquirência de cartões, que o Banco Inter comprou 45% em março.
Já o BV fechou o terceiro trimestre com lucro líquido recorrente de R$ 403 milhões. O resultado, recorde trimestral histórico para a instituição, é 46,7% maior que o obtido no mesmo período do ano passado e também está 3,8% acima do ganho do segundo trimestre deste ano.
A ampliação da margem financeira e das receitas com prestação de serviços puxaram o resultado.
Desde 2019 o BV tem uma diretoria de estratégia digital, capitaneada por Guilherme Horn. Em janeiro deste ano, fechou parceria com o Distrito, um ecossistema independente de inovação aberta. A iniciativa pretende conectar startups ao banco para gerar soluções que tragam inovações para o negócio e fomente o crescimento do ecossistema como um todo. O banco já investiu, fechou parceria e/ou comprou várias fintechs nos últimos dois anos, entre elas TradeMaster, Just (que era do GuiaBolso), Pravaler, Weel, Solar, BomPraCre’dito, Usend, Dock e Neon. A plataforma BaaS realizou 133 milhões de transações nos primeiros nove meses de 2021, 339% a mais do que no mesmo período de 2020.
“A BVx tem a missão de gerar valor por meio da conexão com o ecossistema de startups, por meio de co-criação, desenvolvimentos proprietários e investimentos em parcerias estratégicas em três frentes de atuação: I. Corporate Venture Capital: investimos e estabelecemos parcerias com fintechs e outras startups que tenham sinergias com o BV e que complementem o portfólio de soluções aos clientes do banco II. BV Open: encerramos o 3T21 com 51 parceiros dos mais variados segmentos como educação, energia, saúde e e-commerce conectados e utilizando os serviços de nossa plataforma BV Open. III.BV Lab: usamos tecnologia, dados e o poder do ecossistema para criar protótipos e experimentar novas soluções inovadoras na indústria financeira”, diz o banco no balanço.
O BTG Pactual encerrou o terceiro trimestre de 2021 com lucro líquido contábil de R$ 1,743 bilhão, valor 3,9% superior ao recorde anterior, do segundo trimestre, e 74% maior que o apurado no mesmo intervalo do ano passado.
O banco também informou um lucro líquido ajustado recorde para um único trimestre, de R$ 1,794 bilhão, 4,4% acima do trimestre anterior e 76,6% acima do registrado um ano antes. O ROAE anualizado ajustado foi de 20,1% e o índice de cobertura de liquidez (LCR) ficou em 213,5%.
O BTG vem investindo em fintechs como a55, Kinvo e Real Valor – além de fornecer funding para fintechs de crédito como a Justa.
A corretora digital XP registrou um lucro líquido ajustado de R$ 1,039 bilhão no terceiro trimestre de 2021, alta de 82% na comparação com mesmo período do ano passado, quando lucrou R$ 570 milhões, e de 1% frente os R$ 1,034 bilhão registrados no segundo trimestre de 2021. A receita líquida totalizou R$ 3,171 bilhões, em uma alta de 51% na base anual e de 5% frente o segundo trimestre deste ano.
A XP fez aportes ou comprou o controle de fintechs como Acqio, Fliper, DM10, Antecipa, Clear e Rico.
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