Nesta semana, mais um banco digital e uma fintech – Original e Stone – divulgaram seus balanços. Enquanto o primeiro comemorou lucro, a segunda classificou 2021 como desafiador – na verdade, foi um dos piores anos da sua trajetória.
A temporada de balanços ainda não acabou – falta PicPay, Neon, C6 e PagSeguro.
O resultado do Original ficou positivo em R$ 88 milhões. Segundo nota enviada à imprensa, o balanço positivo resulta de uma estratégia baseada em dois pilares. De um lado, a opção por um crescimento sustentável de sua base – em 2021 aumentou 39% o número de clientes -, ao invés de focar na aquisição exponencial de correntistas, oferecendo uma cesta de produtos e serviços completa. De outro, a aposta na diversificação das receita com cinco frentes de atuação: Varejo, Atacado, Não Correntistas, Banking as a Service e Empresas.
“Este é um momento histórico para o Original. O registro do nosso lucro não é um evento extraordinário, e sim previsto e planejado dentro da nossa estratégia e deverá se repetir no próximo ano. Trabalhamos para deixar nossa operação completa e centrada no cliente e, com isso, temos o fluxo financeiro dos nossos correntistas aqui. Com isso, melhoramos nossa política de crédito, por exemplo”, afirma Alexandre Abreu, presidente do Banco Original.
A instituição divulgou ainda uma captação de R$ 500 milhões em Letras Financeiras Subordinadas Nível 2, em negociação privada sem prazo de recompra.“ A captação realizada permitirá ainda que o Original siga investindo em seu crescimento autossuficiente, sem necessidade de aporte do acionista, e atinja a meta de 10 milhões de clientes no fim do ano e, mais uma vez, dobre o tamanho da nossa operação”, complementa Abreu.
Stone afirma que “aprendeu com os erros” de 2021
Sem motivos para comemorar o ano passado, a Stone afirmou em teleconferência a investidores no dia 17/3 que aprendeu com os erros – e que 2022 será muito melhor. O lucro liquido ajustado terminou em R$ 203,3 milhões no ano, recuo de 78,8% na comparação com 2020. Os investidores mostraram confiança nos ‘guidances” que os executivos entregaram, e os papéis da dona das maquininhas verdes subiram bastante no day after.
Os motivos da confiança estão baseados em pelo menos dois dados do ano passado: o aumento de 87% das receitas, para R$ 1,9 bilhão, somente no quarto trimestre; e o aumento da base para R$ 1,8 milhão de clientes ativos.
A sinceridade também pode ter pesado positivamente, afinal desde meados de 2021 a Stone vinha avisando que estava com problemas no crédito.
“Os fundamentos do nosso negócio permanecem sólidos. Estamos ganhando clientes, conquistando participação de mercado e expandindo nossa presença para estabelecer as bases para a contínua expansão da companhia”, afirma Thiago Piau, CEO da Stone. A companhia continuará ampliando a base de clientes MPME e está focada em relançar o produto de crédito.
E, para o futuro, a fintech tratou de trocar a trilogia ABC que a definia até então (acquiring, banking e credit) por um duplo pilar: software (ancorado na Linx, que comprou no ano passado) e serviços financeiros, que inclui pagamentos e as operações de banking e crédito.
Como resultado dos investimentos em produtos e na operação, a companhia espera um cenário de crescimento para 2022. A expectativa é de que, no primeiro trimestre, a receita total atinja de R$ 1,85 bilhão a R$ 1,9 bilhão, com alta de 113% a 119% em relação ao primeiro trimestre do ano passado; e TPV do segmento de MPMEs de R$ 58,5 bilhões a R$ 60 bilhões, com elevação de 79% a 83%. O lucro ajustado antes de impostos deve superar a marca de R$ 140 milhões no 1T22, ante os R$ 17,2 milhões do 4T21.