"Não é hora de vender nem abrir o capital, mas de continuar investindo em startups", diz CEO da Stefanini, dona de oito "techfins"

Nos últimos dois anos, o Grupo Stefanini, multinacional brasileira que atua como uma integradora de soluções digitais, adquiriu 12 empresas de tecnologia, colecionando mais de 30 delas na sua divisão chamada Stefanini Ventures. Dessas, oito são voltadas a bancos e fintechs, e já respondem por 38% das receitas.

Segundo o fundador e CEO global do grupo, Marco Stefanini, é exatamente a área de investimentos em novos negócios que vem impulsionando o crescimento do conglomerado. E, apesar da maré baixa que vem reduzindo valuations e investimentos das empresas digitais, o CEO afirma que há muitas oportunidades. “Não é hora de vender nem abrir o capital, mas de investir em startups”.

Durante evento de comemoração dos 35 anos da empresa, realizado no icônico hotel Rosewood, em São Paulo, o CEO disse que nos últimos anos passou a dedicar a maior parte do seu tempo a essas novas empresas, que são as que mais precisam de orientação e apoio na integração.

Banking e Payments

Entre as oito techfins do grupo, a Topaz, plataforma de “core bancário” para fintechs e outras instituições financeiras, é a maior delas e já se tornou o sexto pilar da Stefanini, conforme disse o CEO global – os outros cinco são as quatro “Stefaninis” internacionais e a própria Stefanini Ventures.

Segundo Jorge Iglesias, CEO da Topaz, a techfin atua em 25 países, tem mais de 1,5 mil colaboradores e atende 250 clientes – entre eles quatro dos cinco maiores bancos brasileiros, o Pag Seguro Pag Bank e o Sicred.

De uma receita de de R$ 15 milhões em 2016, a empresa tem a expectativa de atingir R$ 600 milhões até o fim deste ano. A techfin vem investindo em aquisições estratégicas nos últimos anos – duas unidades de software da Diebold, CRK e Cobiscorp.

Iglesias diz que a Topaz ajuda na transformação digital dos clientes. O PagBank PagSeguro, por exemplo, “utilizou a plataforma da Topaz para evoluir em sua estratégia de banco digital completo, que atualmente conta com quase 25 milhões de clientes e mais de R$ 1 trilhão de transações financeiras processadas”. Com esta parceria, o PagBank PagSeguro não só antecipou os recebíveis dos clientes que utilizam suas maquininhas, mas também passou a oferecer outros produtos e serviços, como a concessão de crédito, inclusive para parte da população não bancarizada.

“Com uma plataforma robusta, modular, escalada e fortemente integrada aos canais digitais, estamos preparados para atender a estratégia de qualquer instituição que queira atuar como banco digital”, afirma. A Topaz enfrenta concorrentes como Mambu e a Fiserv, por exemplo.

Jorge Iglesias, Topaz

Unicórnios?

Marco Stefanini fez uma autocrítica: “Precisamos nos reposicionar no mercado”, referindo-se ao fato de que a marca é muito conhecida como especialista em tecnologia, mas não muito como venture builder. “Nossa próxima aquisição deve ser uma startup de serviços para o varejo”, adiantou. “Mas para cada empresa que investimos, conversamos com umas 100”.

Apesar de considerar que algumas empresas iniciantes podem mesmo valer um bilhão de dólares, Stefanini vê exageros e diz que o mercado estava precisando de uma correção de preços. E acrescenta que o fato de os investidores estarem se voltando a fundamentos é bom para a própria Stefanini: “Se as empresas digitais que não dão lucro podem valer US$ 1 bilhão, a Stefanini, que é 50% digital e lucrou R$ 3 bilhões em 2021 vale quanto?”, compara.

A expectativa da empresa para 2022, que está em 41 países e conta com mais de 30 mil colaboradores, é registrar um aumento de 24% no faturamento, de R$ 5 bilhões para R$ 6,4 bilhões.