A 99Pay, fintech do app de corrida comprado em 2018 pela chinesa Didi, tem planos ambiciosos para o futuro. “Apesar do cenário macro não muito favorável, nós estamos otimistas. Já concedemos R$ 3,5 bilhões em empréstimos até o momento”, diz Isadora Simons, gerente sênior de Operações na 99Pay. Isso porque dos 8 milhões que solicitaram, apenas 900 mil conseguiram. Ou seja, a demanda – e o potencial – é muito grande.
Outro motivo para o otimismo em 2025 é a volta da 99 ao ramo de delivery de comida, de onde havia saído em 2023. O negócio, até agora, é dominado pelo iFood. A ideia da 99Pay é alavancar o negócio com as sinergias que devem surgir. “Os restaurantes são um público potencial enorme para usar a conta e o limite de crédito que a gente oferece”, acredita Isadora.
Apesar de a conta da 99Pay ser apenas para pessoas físicas, ela lembra que muitos microempreendedores usam. “São atualmente 22 milhões de clientes com conta na 99Pay, quase metade dos 50 milhões de usuários de corrida”.
Microcrédito
A concessão de crédito começou em 2022, e a licença para operar como Sociedade de Crédito Direto (SCD) veio em novembro de 2024. Os valores emprestados variam de R$ 500 a R$ 12 mil (o tíquete médio está entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil, ou seja, é praticamente microcrédito).
Os clientes não são capturados em mar aberto, mas sim pré-selecionados dentro da base dos usuários do aplicativo de corrida. Eles recebem a oferta e podem solicitar o crédito diretamente pelo app e optar por dividir em até 12 vezes, com parcelas a partir de R$ 50.
As taxas giram em torno de 8% ao mês. Apesar de altíssimas, Isadora afirma que no caso da 99Pay não tem “pegadinha, taxas escondidas, letras miúdas. Somos transparentes”, diz.
Ela acredita que um crédito pessoal consciente e bem administrado, com prestações previsíveis, é melhor do que se endividar no cheque especial ou cartão de crédito, cuja taxa do rotativo pode chegar a 22% ao mês, segundo o Banco Central. Inclusive, Isabela diz que a 99Pay não pretende oferecer cartões. Mas os empréstimos têm limites flexíveis como num cartão: são recompostos com o pagamento. Como, aliás, fazem outros players.
“O empréstimo pessoal oferece parcelas fixas que facilitam o planejamento financeiro, evitando o endividamento excessivo. Aliar crédito responsável à educação financeira é fundamental para que as pessoas tenham mais autonomia e melhorem sua qualidade de vida”, defende Isadora.
Pesquisa da 99Pay
Um estudo do Instituto Locomotiva realizado no final do ano passado, sob encomenda da 99Pay, aponta que 75% dos entrevistados contrataram um empréstimo pessoal em 2024. Entre eles, 53% recorreram a esse crédito mais de uma vez. Os principais motivos incluem emergências financeiras (53%) e pagamento de dívidas em atraso (31%). Além disso, 90% dos brasileiros bancarizados acreditam que o empréstimo pessoal contribuiu para a conquista de seus objetivos.
O objetivo do levantamento foi traçar um panorama das percepções e práticas da população brasileira em relação ao empréstimo pessoal – em especial o microcrédito.
A pesquisa ouviu 2,8 mil cidadãos de todos os estados brasileiros, homens e mulheres entre 18 e 65 anos, bancarizados e que já fizeram empréstimo pessoal.
A 99Taxis começou em 2012, com os ex-sócios fundadores Gutemberg Cardoso de Oliveira de Júnior e Gustavo Câmara de Oliveira. Mais tarde, três geeks da internet brasileira – Ariel Lambrecht, Renato Freitas e Paulo Veras – impulsionaram seu crescimento. Em 2018, foi comprada pela Didi.
No final, trata-se de concorrência – o que tende a beneficiar o consumidor final. Enquanto iFood anuncia sua dobradinha com a norte-americana Uber em 2025, depois de lançar a sua fintech em 2024, a 99 volta ao delivery de comida depois de dois anos, com um investimento de R$ 1 bilhão. E outro gigante chinês, a Keeta – do grupo Meituan – já se prepara para entrar no jogo do delivery de comida aqui também, com um investimento de cerca de R$ 6 bilhões.