Neon recebe autorização para funcionar como IP

A Neon Pagamentos recebeu aval do Banco Central (BC) para funcionar como instituição de pagamento (IP), nas modalidades emissora de moeda eletrônica e emissora de instrumento de pagamento pós-pago, informou o Valor Econômico nesta sexta-feira (9). A unidade terá capital social inicial de R$ 1,115 bilhão. Os controladores são Jean Sigrist, Norberto Giangrande e Pedro Conrade.

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A autorização vem num momento de expansão do banco digital, que triplicou o número de clientes ativos e atingiu 11 milhões de contas abertas em 2020. O plano é brigar como (e com) gente grande. O objetivo é concorrer com os maiores bancos do país, afirmou ao Finsiders o fundador Pedro Conrade, hoje no conselho da empresa.

Em setembro do ano passado, a fintech captou uma Série C de R$ 1,6 bilhão (US$ 300 milhões) liderada pela General Atlantic (GA), em duas tranches de R$ 800 milhões. O aporte teve participação da BlackRockVulcan CapitalEndeavor Catalyst e PayPal Ventures, que fez seu primeiro investimento numa fintech brasileira.

Monashees e Flourish Ventures, que já investiam na Neon, acompanharam. O banco espanhol BBVA também integrou a rodada por meio do Propel Venture Partners. Com isso, se juntaram ao banco BV (antigo Banco Votorantim), investidor no negócio e parceiro da Neon desde 2018, em substituição ao Banco Neon (ex-Pottencial, uma instituição de pequeno porte em BH), que teve liquidação decretada pelo BC.

Na época, o encerramento das operações do banco mineiro causou dúvidas sobre o futuro da fintech, mas vale lembrar que a Neon Pagamentos (que nasceu como Controly) tinha apenas um acordo comercial com o Pottencial — substituído à época pelo Banco Votorantim. Ou seja, não havia participação societária da instituição mineira na fintech.

Ao todo, a Neon já captou R$ 772 milhões em três rounds, sem contar os aportes seed e pre-seed em 2014 e 2015, ainda como Controly, cujo principal investidor foi o Distrito Ventures — em 2017, o Distrito fez o exit, com um retorno de 15 vezes.

A estratégia da Neon passa por atender o público de microempreendedores individuais (MEIs) e a pessoa física insatisfeita com a oferta bancária tradicional. Hoje, o banco digital oferece a conta digital com cartão de débito, de crédito, além de empréstimo pessoal, em parceria com o BV.

Para o MEI, a fintech lançou em outubro de 2020 a conta digital e, em março deste ano, o cartão de crédito. Nesse segmento, a Neon já soma 5 milhões de empreendedores (quase um terço está ativo), contou no mês passado ao Finsiders Daniel Mazini, VP de produtos e negócios e chief product officer (CPO), um ex-executivo da Amazon que chegou à Neon em julho do ano passado. Outros produtos estão sendo desenvolvidos para esse público, disse ele, sem dar detalhes.

Investimentos e aquisições

A empresa vem fazendo aquisições para crescer em alguns mercados. Em 2019, comprou a MEI Fácil, plataforma de gestão para microempreendedores, e em julho de 2020 adquiru a Magliano, a primeira corretora da bolsa de valores brasileira, num movimento importante para ofertar mais produtos de investimento à base de clientes.

Discretamente, a fintech montou sua gestora de recursos, registrada na CVM como Neon Investimentos Ltda, conforme apurou a Finsiders e cuja informação foi confirmada por Conrade. A empresa foi constituída em maio de 2018 e atualmente gere dois fundos: o fundo de renda fixa “Neon Segurança” e o multimercado “Neon Turbo Max”. Juntos, somavam pouco mais de R$ 68 milhões em PL até o dia 7 de abril.