A Nomad quer consolidar sua presença no Brasil ampliando seu portfólio local para estreitar o relacionamento com clientes de alta renda. Para 2026, a empresa promete uma nova leva de soluções financeiras voltadas ao mercado doméstico, indo além de seu core internacional.
“Estamos focados em aprofundar o relacionamento com os clientes com os quais já trabalhamos. Esse é o caminho que vemos se desenhando na nossa frente”, afirma Lucas Vargas, CEO da Nomad, em entrevista ao Finsiders Brasil.
Segundo o executivo, a empresa já colhe resultados do cartão de crédito lançado no ano passado para um grupo seleto de usuários. “Essa será uma nova grande onda de produtos e oportunidades a serem explorados. Em 2026, o que está por vir são mais produtos dessa natureza”, adianta.
Atualmente, a base desse produto é composta por pouco mais de 10 mil usuários – um público restrito e estratégico para a empresa. “Começamos a construir toda a infraestrutura necessária um ano antes do lançamento do cartão em abril do ano passado. Tem funcionado muito bem”, destaca.
A entrada no mercado de crédito nacional exigiu da Nomad uma adaptação significativa. “O cartão de crédito explora ativos e nuances que não faziam parte da origem da Nomad. Estamos falando de Brasil, motor de crédito, risco – várias naturezas que não eram nosso foco principal”, explica o CEO.
Liberdade
Antes de se lançar nessa nova estratégia, contudo, Lucas explica que até o final deste ano a Nomad vai focar na “construção e alimentação” da operação recém-lançada Nomad Wealth, serviço de consultoria financeira baseado no modelo fee-based, sem comissões por produtos vendidos. “Esse modelo nos diferencia porque elimina conflitos de interesse e dá ao consultor liberdade para oferecer a melhor solução ao cliente”, explica.
Ele observa que, embora no Brasil o modelo de assessoria tradicional seja predominante, há uma tendência de migração para consultoria. “Nos Estados Unidos e na Europa, esse modelo já responde por cerca de 50% do mercado. Acreditamos que o Brasil seguirá o mesmo caminho”, diz o CEO.
Ele cita, ainda, outra frente recém-inaugurada com a aquisição da licença de broker dealer. “Foi um marco para a Nomad. Agora podemos oferecer produtos de renda fixa e ampliar a gama de ativos nos Estados Unidos que disponibilizamos aos nossos clientes”, diz. A licença de corretora permite a oferta de produtos de renda fixa, como bonds e treasuries. A ampliação do portfólio complementa a oferta para clientes que desejam diversificar seus investimentos no exterior com opções de menor risco e retorno previsível.
Com a abertura de um escritório em Miami, a Nomad passará a operar fisicamente fora do Brasil. “Essa presença nos Estados Unidos é simbólica e estratégica. Nos dá capacidade de desenvolver relações locais e construir um ecossistema cada vez mais sólido para nossos clientes”, acredita o executivo.
Presente, passado e futuro
Lançada em 2021, a fintech já soma mais de 3,5 milhões de clientes, R$ 7 bilhões em ativos sob custódia e ultrapassou a marca de US$ 120 milhões em faturamento anualizado. Segundo Lucas, a empresa vem crescendo a uma taxa anual superior a 90%, sem consumir caixa no último trimestre. “Entramos em um momento histórico para a Nomad. Conseguimos virar o semestre gerando caixa e isso nos dá opcionalidade para seguir alimentando nosso crescimento com os recursos que produzimos internamente”, afirmou.
Campanhas de marketing como a estrelada por Will Smith no ano passado também impulsionaram o crescimento. “Naquele período, tivemos um incremento de mais de 20% no número de clientes e, especificamente na vertical de investimentos, o impacto foi superior a 30%”, afirma Lucas.
Para o segundo semestre de 2025, a meta da Nomad é dobrar o total de ativos sob gestão. “Essa é a métrica que estamos perseguindo. Mais do que dobrar o montante investido na plataforma até o fim do ano é o foco principal”, explicou o CEO.
Embora afirme que a empresa está bem capitalizada, ele não descarta novas rodadas de captação. “A gente não tem plano definido, mas construímos ‘opcionalidades’. Estamos abertos a avaliar janelas de mercado se as condições forem favoráveis”, diz. Fusões e aquisições também estão no radar: “Já fizemos quatro operações do tipo e seguimos olhando oportunidades de crescimento inorgânico”, completa.