
Em busca de novas fontes de financiamento (funding), mais fintechs no Brasil estão se tornando financeiras – ou Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFIs), de acordo com seu nome técnico. O movimento é crescente e tem como principais objetivos diversificar as captações, reduzir custos e estender prazos.
As estratégias incluem migrar a licença de fintech de crédito (Sociedades de Crédito Direto, SCDs) para a de financeira, comprar uma instituição já existente ou pedir uma licença do zero junto ao Banco Central (BC).
Na prática, ao obter o “status” de financeira, as fintechs passam a acessar novas fontes de funding. Entre os instrumentos de captação possíveis estão, por exemplo, Recibos de Depósitos Bancários (RDBs), Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e Letras de Câmbio (LCs).
Com a nova regra, publicada nesta quinta-feira (24/7) e que passa a valer em setembro, o BC também está criando incentivo para que as Instituições de Pagamento (IPs) e fintechs de crédito “migrem, conforme expandam seus negócios, para o segmento mais compatível com suas estratégias, operações e clientes”.
Alguns dos principais bancos digitais do País atuam como financeiras. Entre eles estão, por exemplo, Nubank, Mercado Pago e Neon. Atualmente, mais de 70 instituições são autorizadas a funcionar como tal, segundo dados do BC.
Veja cinco fintechs que se tornaram financeiras:
- Stone
A credenciadora recebeu autorização do BC para operar como financeira em janeiro de 2024. Até então, a Stone tinha licenças de Instituição de Pagamento (IP) nas modalidades credenciadora e emissor de moeda eletrônica (permite gerenciar contas pré-pagas), além de uma Sociedade de Crédito Direto (SCD), um dos modelos de negócio das fintechs de crédito. - Cora
A fintech para Pequenas e Médias Empresas (PMEs) obteve o sinal verde do BC para atuar como financeira em julho de 2024. Na prática, a Cora fez o movimento de migrar de uma SCD – licença que tinha desde junho de 2020 – para uma financeira. Criada em 2019, a Cora tem mais de 1,7 milhão de clientes, de acordo com seu site. - RecargaPay
Para a fintech, que se posiciona como um super app de pagamentos, a licença de financeira veio em outubro de 2024. A RecargaPay também seguiu a estratégia de evoluir de SCD para uma SCFI. Recentemente, lançou seus primeiros Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Fundada em 2010 em Buenos Aires, capital da Argentina, a RecargaPay surgiu como um aplicativo focado em recarga de celular. Ao longo do tempo, se transformou em uma plataforma de produtos e serviços financeiros. - MagaluPay
O Magalu recebeu autorização do BC para criar uma financeira em fevereiro de 2025. Em seu braço financeiro Magalu Bank, a empresa já tem uma Instituição de Pagamento (IP), também batizada de MagaluPay, fruto da aquisição da Hub Fintech, em 2020. Além disso, a companhia possui a financeira LuizaCred, em uma joint-venture com o Itaú Unibanco. - CloudWalk
A dona das empresas de pagamentos InfinitePay e Jim.com obteve aprovação do BC em junho de 2025 para comprar o controle da financeira SF3 (antiga Santana Financeira). Com a aquisição, a instituição passou a se chamar CloudWalk Financeira. “A nova estrutura propicia uma diversificação das fontes e redução do nosso custo de funding“, disse na época Lucas Martinelli, diretor da CloudWalk. Ele assumiu como diretor-geral da financeira. Ainda em junho, a fintech concluiu a captação do maior FIDC de sua história, no valor de R$ 3,14 bilhões.