As parcerias entre fintechs e seguradoras vêm ganhando força, num contexto de avanço tecnológico e mercado cada vez mais aberto e colaborativo. Depois de fazer um acordo com a Zurich, a Onze — startup que quer reinventar a previdência corporativa — está anunciando agora uma parceria comercial com a Icatu, maior seguradora independente do país, com faturamento de R$ 10 bilhões em 2021.
A partir de agosto, a oferta conjunta das empresas estará disponível para as companhias com interesse em iniciar seus planos de previdência, ou ainda para organizações que estão considerando a portabilidade do produto para uma solução com uma maior disponibilidade de fundos, tecnologia e serviços agregados.
Na prática, com a parceria, a Onze ganhará um poder de distribuição maior, ao mesmo tempo em que os clientes corporativos da Icatu terão acesso à solução de saúde financeira desenvolvida pela fintech. “Ficamos com uma oferta maior. E a ideia é desenvolver fundos com a Icatu”, conta Antonio Rocha, fundador e CEO da Onze, em entrevista ao Finsiders.
“A parceria vai nos possibilitar crescer mais, tanto na abertura de novos clientes, quanto na portabilidade dos planos que estão nos bancões. Estamos animados”, diz Antonio. “A penetração de previdência no Brasil ainda é muito pequena”, complementa Rodrigo Neves, cofundador e Chief Operations Officer (COO) da Onze.
Uma das maiores seguradoras do Brasil, a Icatu tem mais de 8 milhões de negócios ativos, considerando suas linhas de negócio em seguros de vida, previdência e capitalização. Em previdência, a seguradora soma R$ 48 bilhões em ativos e possui um portfólio com mais de 390 fundos de 130 gestores.
Nos últimos anos, ao lado da XP, a Icatu vem se destacando pela portabilidade, ou seja, tem “capturado” clientes e recursos de outras companhias. Em 2021, por exemplo, os valores líquidos de portabilidade somaram R$ 1,8 bilhão, contra pouco mais de R$ 1 bilhão no ano anterior, conforme as demonstrações financeiras publicadas pela companhia.
Henrique Diniz, diretor de produtos de previdência da Icatu, diz que a seguradora está sempre atenta para construir parcerias que trazem soluções tecnológicas cada vez melhores e alinhadas às necessidades dos clientes. “Assim, levaremos essa tecnologia ao segmento de previdência empresarial, que ainda é carente de soluções, proporcionando melhores experiências ao RH e também aos funcionários das empresas”, destaca o executivo, em nota.
A solução
Criada dentro da Red Ventures, grupo controlador de diversas empresas digitais, a Onze combina uma solução de saúde financeira com acumulação de patrimônio por meio de planos de previdência fechada. O público-alvo da startup — que gosta de ser chamada de ‘prevtech’ — são os funcionários de empresas, desde negócios com dez colaboradores até organizações com 2 mil profissionais.
Autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para operar como gestora de recursos e pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para distribuir os produtos como corretora de seguros, a Onze lançou seu primeiro produto no segundo semestre de 2020. Hoje, a gestora tem cerca de R$ 300 milhões de ativos sob gestão (AuM).
No total, são quase 70 empresas como clientes que, juntas, têm perto de 30 mil vidas. “Estamos no caminho da meta para o ano, que é chegar a 100 empresas, 60 mil vidas e R$ 1 bilhão de AuM”, aponta Antonio.
Em maio de 2021, a fintech captou uma Série A de US$ 10 milhões (R$ 53 milhões, no câmbio da época), em rodada liderada pela Ribbit Capital, em um aporte para investir na evolução do produto, incluindo mais benefícios e soluções para os colaboradores das empresas.
A própria parceria com a Icatu, que começa em previdência, pode ajudar nesse sentido. “Não descartamos que a parceria possa evoluir para outros produtos”, diz o empreendedor.
Mercado
O interesse das fintechs pela indústria de previdência privada tem explicação. Esse mercado fechou 2021 com R$ 1,07 trilhão em reservas e R$ 5,8 bilhões em captação líquida, conforme dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). A maior fatia do bolo está nas mãos de grandes instituições, como Brasilprev e Bradesco.
Já os fundos de pensão somaram R$ 1,11 trilhão em ativos, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).Apesar dos grandes números, a previdência está longe de ser um produto popular entre os brasileiros. Pesquisa recente encomendada pela Fenaprevi ao Datafolha mostra que apenas cerca de 8% da população no Brasil dizem ter dinheiro guardado caso vivessem até os 150 anos de idade.
Finsiders é uma plataforma de conteúdo especializada no ecossistema de fintechs, fundada pelo jornalista Danylo Martins
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