Potencial do mercado de DeFi é diversificado e crescente, indicam estudos

As aplicações de finanças descentralizadas, mais conhecida pela sigla em inglês DeFi, não são uma tendência para um futuro incerto, mas para já, embora o tema ainda seja recente mundo afora, especialmente no Brasil.

Quando a gestora Hashdex anunciou há algumas semanas que foi autorizada a emitir um ETF na B3, o DEFI11 — que constitui uma alternativa de se investir em uma cesta de criptoativos pertencentes ao mercado de finanças descentralizadas — não sobrou dúvidas de que é um movimento atual. A promessa é de DeFi irá revolucionar o mercado financeiro.

Em relatório distribuído para clientes, o Inter deixou claro que instituições financeiras terão que se adaptar a esse novo ecossistema da mesma forma que tiveram que se adaptar ao advento da internet e da digitalização.

No mundo todo, de acordo com o Inter, o valor total bloqueado (TVL) neste mercado – métrica para determinar o crescimento da adoção de soluções de DeFi — quintuplicou nos últimos 12 meses, chegando a superar os US$ 250 bilhões em alguns momentos deste período.

Pesquisa feita pela própria Hashdex mostra, ainda, que esse valor bloqueado saltou de US$ 1 bilhão em junho de 2020 para mais de US$ 100 bilhões em novembro de 2021. Além disso, sua base de usuários evoluiu de 20 mil usuários em janeiro de 2020, para cerca de 3,5 milhões em outubro de 2021.

Por questões de segurança, o sistema financeiro e o mercado de crédito, por consequência, são extremamente regulados. Contudo, isso limita o acesso das pessoas físicas ou pequenos negócios ao crédito com juros razoáveis.

Por aqui, é uma tendência crescente o número de fintechs voltadas para esse público. Mas em outros países, a resposta a esse problema veio por meio de protocolos que ditam as melhores práticas em relação a estruturação de ‘smart contracts’, ao mesmo tempo que não exigem nenhuma informação adicional do usuário que quer participar do protocolo, como documentos para identificação ou score de crédito. Protocolos como a Aave (AAVE) — com em torno US$ 10 bilhões de TVL — e a Compound (COMP) — por volta de US$ 5 bilhões de TVL — são exemplos disso.

Conforme o relatório da Hashdex, os principais protocolos do segmento já geram mais de US$ 3,8 bilhões anuais em receitas para seus investidores. Somente em novembro de 2021, essas receitas somaram aproximadamente US$ 320 milhões, montante 6x maior do que um ano antes.

“O setor DeFi é diversificado e crescente, com grande potencial de mercado. Trata-se de uma indústria interconectada, que se beneficia diretamente dos avanços do próprio ecossistema cripto, e isso é muito positivo”, comenta Carlos Eduardo Gomes, head de research da Hashdex, em nota.

Segundo ele, cada vez mais, corporações, fundações, fundos soberanos e fundos de previdência vêm examinando a possibilidade de inserir cripto em suas carteiras. O investimento de Venture Capital para o setor, por exemplo, atingiu US$ 25 bilhões em 2021, 8x mais que o ano anterior.

De acordo com o relatório do Inter, as aplicações dos protocolos de DeFi hoje ainda possuem diversas limitações de uso e não conseguem concorrer com o mercado financeiro tradicional devido à falta de comunicação com o universo fora da blockchain.

Mas, no futuro, é de se esperar que haja alternativas para sobrecolateralização – tipo de colateral (ou garantia) que neste segmento é ainda muito atrelada às criptomoedas — caso os protocolos tenham acesso ao score de crédito de usuários (alô, Open Finance!), ou caso seja possível emitir um smart contract que tenha respaldo jurídico e, portanto, seja tratado como qualquer outro contrato que o mundo está familiarizado.

Ao mesmo tempo, tudo indica que a demanda da sociedade por possíveis soluções descentralizadas e menos assimétricas deverá se manter firme. Assim, a conclusão é que as instituições menos avessas às inovações serão as mais beneficiadas.


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