Relatório aponta tendências do open finance no Brasil

A adoção do open finance, uma evolução do open banking, deve provocar uma verdadeira revolução no setor financeiro. E além: na forma como consumimos produtos e serviços. Isso envolve compartilhamento de dados financeiros não apenas de bancos e fintechs, mas também de empresas de tecnologia, prestadores de serviços de folha de pagamento ou plataformas da gig economy, por exemplo. Em relatório que acaba de ser lançado, a fintech latinoamericana Belvo — que desenvolve APIs para o setor financeiro — analisa as tendências desse novo ecossistema financeiro no Brasil.

Conforme a pesquisa, feita com 150 profissionais do mercado de fintechs, a maioria (84,3%) acredita que em 2021 haverá um aumento na adoção de modelos de open finance. Esse aumento se dará por diversas questões, como um ambiente regulatório mais favorável (particularmente no no Brasil e no México) e mais visibilidade sobre os benefícios do open finance entre usuários finais e empresas.

Ainda assim, para 38,4% dos entrevistados, o maior desafio é a regulamentação, seguida por implementação (18,8%) e preocupação dos usuários com relação à privacidade (16,1%). Por último, aparecem citados como desafios: infraestrutura (12,5%) e segurança (12,5%). No entanto, a maioria (90,2%) dos profissionais de fintechs ouvidos pensam que as empresas devem se antecipar à regulamentação para implementar o open finance.

O relatório cita um estudo global feito pela PwC, que projeta uma receita total de open finance de US$ 9,87 bilhões até 2022, com base nas expectativas para PMEs e a adoção do varejo. Existe, por óbvio, uma curva de aprendizado para que existam casos de uso e aumento da oferta de serviços derivados do open finance. Segundo a pesquisa da Belvo, 84,8% dos entrevistados acreditam que mais empresas adotarão modelos de open finance durante os próximos 12 meses.

Quando perguntados sobre quais verticais da fintech se beneficiarão mais com o modelo neste ano, a maioria (39,3%) dos profissionais apontou empréstimos, seguidos por score de crédito (22,3%), ferramentas de gerenciamento de finanças pessoais (18,8%), provedores de pagamento (13,4%) e soluções ERP e de contabilidade (5,4%).

O uso de fontes de dados alternativas, como os aplicativos de delivery e transporte, pode ajudar na evolução do sistema. E não é à toa: cerca de metade da população na América Latina não tem conta bancária, mas 72% são usuários de internet e a penetração de smartphones é de cerca de 80%. No Brasil, existem atualmente 230 milhões de smartphones em uso. E uma pesquia recente feita pela fornecedora de soluções de pagamento Worldpay from FIS aponta que cerca de 40% da população brasileira já usa meios de pagamento digitais.

De acordo com o levantamento feito pela Belvo, a maioria (93,7%) dos respondentes crê que o uso de fontes de dados alternativas ajudará a criar melhores produtos financeiros em 2021. Para 43,8%, os dados bancários ajudarão as empresas do setor financeiro a oferecer novos produtos e serviços no próximo ano. Dados de grandes empresas de tecnologia são citados por 16,1% dos ouvidos; em seguida, vêm dados da gig economy (14,3%); de empresas de serviços públicos como eletricidade (12,5%) e dados fiscais (10,7%).

Como se não bastasse o potencial de atingir a população desbancarizada ou à margem do sistema financeiro, a pandemia acelerou a adoção de aplicativos e plataformas online, seja para fazer compras, seja para acessar a conta no banco. E as fintechs — que já estão se beneficiando disso — vão aproveitar ainda mais a evolução no comportamento digital dos brasileiros.

Tanto é que a maior parcela (44,6%) dos entrevistados na pesquisa enxerga as fintechs como os players que terão o maior impacto na digitalização do ecossistema financeiro na América Latina. Outros 21,4% pensam que o maior impacto virá dos neobanks, seguidos por bancos tradicionais (15,2%). Enquanto 10,7% acreditam que plataformas como Uber e Rappi terão o maior protagonismo nessa transformação do ecossistema. Por último, 8% dos entrevistados citam as grandes empresas de tecnologia.

A íntegra do relatório está disponível aqui.