
Os grandes bancos no Brasil responderam por 31% das 20 empresas listadas na B3 que superaram R$ 1 bilhão no terceiro trimestre de 2025. Os dados são de levantamento da consultoria Elos Ayta. Somados, os cinco “bancões” Itaú Unibanco, Bradesco, Santander Brasil, BTG Pactual e Banco do Brasil (BB) lucraram mais de R$ 29 bilhões no período. Desse montante, mais de 40% vieram dos ganhos do Itaú [veja tabela].
Conforme o levantamento, com apoio da plataforma de consensus de mercado Aleeph, o lucro agregado das cinco maiores instituições financeiras no País superou as expectativas para a maioria dos bancos. Destaque para o BTG Pactual, que apresentou resultado até 14% acima das projeções dos analistas.
As 20 companhias listadas na B3 com resultado positivo acima de R$ 1 bi no último trimestre registraram, juntas, lucro de quase R$ 100 bilhões. A cifra representa, então, um recuo de 2,6% em relação ao mesmo período de 2024. Apesar da queda, o desempenho foi muito mais resiliente que o da Bolsa como um todo, cujo lucro encolheu 9,2%, apontou a Elos Ayta.
A maioria das empresas bilionárias da B3 (15 de 20) ampliou o lucro no período. Entre os destaques estão, por exemplo, TIM (+50,1%) e BTG Pactual (+41,4%). No sentido contrário, o Banco do Brasil registrou a maior queda (-66,0%).
Top 5 bancos
De julho a setembro, o Itaú registrou lucro recorrente de R$ 11,9 bilhões, um novo recorde histórico. O número ficou em linha com o consenso e foi impulsionado por expansão da margem financeira com mercado e controle da inadimplência. Para o quarto trimestre, o mercado projeta novo recorde, em torno de R$ 12,4 bilhões.
Já o Bradesco entregou resultado estável, cerca de 1% abaixo do consenso. Conforme a consultoria, a expansão da margem financeira com clientes foi o principal ponto positivo. Além disso, a inadimplência ficou dentro do previsto. “Por outro lado, o leve aumento no custo de risco acendeu um sinal de alerta”, escreveu Einar Rivero, CEO da Elos Ayta, em nota. Isso indica, de acordo com ele, que o ciclo de normalização das provisões ainda não se encerrou.
No caso do Santander Brasil, o lucro veio cerca de 8% acima das projeções revertendo, assim, o desempenho mais pressionado dos últimos trimestres. “A combinação de expansão de margem financeira e queda na inadimplência contribuiu para a recuperação da rentabilidade, sinalizando um cenário mais favorável para o banco no curto prazo”, apontou Einar.

O BB, por sua vez, encerrou o trimestre com lucro levemente acima das expectativas, que já eram conservadoras. A margem com clientes veio melhor que o esperado. No entanto, as provisões e a inadimplência seguiram em alta. Os números levaram a instituição a revisar para baixo seu guidance de lucro para 2025. “A deterioração da carteira de crédito ligada ao agronegócio foi apontada como um dos principais fatores de pressão sobre os resultados futuros”, observou Einar.
Já o BTG manteve a trajetória de crescimento e novamente superou o consenso dos analistas. O resultado foi sustentado por Corporate & SME Lending, Sales & Trading e Wealth Management, reforçando diversificação de receitas e alavancagem operacional. São fatores que vêm sustentando o ciclo de crescimento do banco.
Crédito seletivo e eficiência operacional
De acordo com Alexandre Toledo, gerente especialista da Peers Consulting + Technology, o trimestre mostrou evolução lucrativa e gestão responsável” entre os principais players do setor bancário. No período, houve “expansão seletiva” das carteiras de crédito e uma “contínua busca” por eficiência operacional e digitalização.
Ele destaca três tendências para o setor: automação e nuvem híbrida, com foco em eficiência; consolidação de pagamentos instantâneos (Pix), wallets e super apps; financiamento verde e inclusão financeira.