Resultado do terceiro trimestre | Arte: Camila Belintani
Resultado do terceiro trimestre | Arte: Camila Belintani

No terceiro trimestre de 2025, as cinco principais instituições financeiras digitais de capital aberto do Brasil – Inter, Nubank, PagBank, Stone e XP – somaram R$ 7,15 bilhões em lucro líquido. O resultado representa uma expansão de 27% em relação a igual intervalo do ano passado. Os números foram impulsionados, entre outros fatores, por avanços substanciais nas receitas, crescimento das carteiras de crédito e eficiência operacional. O destaque foi o Nubank, cujo lucro respondeu por 60% da soma dos resultados das cinco companhias.

Última a divulgar o balanço, na segunda-feira (17/11), a XP reportou no trimestre lucro líquido ajustado de R$ 1,33 bilhão, avanço de 12% na comparação anual. Os ganhos foram recordes no período, informou a instituição fundada por Guilherme Benchimol. A receita líquida somou R$ 4,7 bilhões, alta de 8% ante o terceiro trimestre de 2024. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) atingiu 23%. A carteira de crédito expandida atingiu R$ 67 bilhões, alta de 33% em 12 meses.

O total de ativos de clientes – sob gestão e administração (AuM e AuA) – chegou a R$ 1,4 trilhão, impulsionado por uma captação líquida de R$ 20 bilhões no varejo. Ao todo, são quase 4,8 milhões de clientes ativos. Já a rede de assessores de investimentos bateu 18,2 mil profissionais.

Em comunicado, Thiago Maffra, CEO da XP Inc., disse que 2025 tem sido um ano de “avanços significativos” na agenda de excelência. De acordo com ele, essa evolução já gera impactos concretos na captação líquida. E “reforça nossa convicção de que estamos liderando uma nova transformação no mercado financeiro brasileiro”, afirmou. 

“Seguimos crescendo com rentabilidade e eficiência, mantendo indicadores sólidos e capacidade de investimento para sustentar o nosso ritmo de evolução”, complementou Victor Mansur, executivo responsável por Finanças (Chief Financial Officer, CFO).

Recorde

Com o maior resultado líquido da temporada, o Nubank registrou ganhos de US$ 783 milhões (R$ 4,27 bilhões, considerando dólar a R$ 5,45) no terceiro trimestre deste ano. A cifra significou uma alta de 39% na comparação anual, desconsiderando a variação cambial. O lucro líquido ajustado bateu US$ 829 milhões, avanço de 40% ano contra ano. E o ROE avançou para 31%, nível recorde. As receitas também foram recorde, atingindo US$ 4,2 bilhões (+39%). A carteira de crédito chegou a US$ 30,4 bilhões, aumento de 42% na comparação com o terceiro tri de 2024. Já a inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias) caiu para 4,2%, contra 4,4% um ano antes.

“No terceiro trimestre de 2025, mantivemos nossa forte trajetória de crescimento, ampliando nossa base de clientes para 127 milhões, com mais de 4 milhões de novas adições, mantendo uma taxa de atividade acima de 83%”, apontou David Vélez, fundador e CEO do Nubank, em comunicado.

Avanço em crédito

A Stone apurou lucro líquido ajustado de R$ 641,5 milhões de julho a setembro, incremento de 13% em relação a igual período de 2024. O resultado considera as operações continuadas e, portanto, excluem os ativos de software em processo de venda, informou a empresa. A receita atingiu R$ 3,6 bilhões, crescimento de 16% ano contra ano. O ROE das operações consolidadas alcançou 24% no trimestre, alta de mais de 8 pontos percentuais.

O volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) bateu R$ 140,2 bilhões, expansão de 8,8% na comparação anual. Em Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), principal segmento atendido pela Stone, o TPV foi de R$ 126 bilhões. O número representa, então, uma alta de 11% ano contra ano. São 4,7 milhões de clientes nessa seara, avanço de 17% na mesma base de comparação. Na vertical de banking, a carteira de crédito atingiu R$ 2,3 bilhões, crescimento de 149%. Os níveis de inadimplência acima de 90 dias ficaram em 5,03%.

Em comunicado, Pedro Zinner, CEO da Stone, avaliou o trimestre como mais um período de “execução consistente”. De acordo com ele, além da boa rentabilidade, a empresa manteve disciplina de capital. Assim, devolveu R$ 2,8 bilhões aos acionistas nos últimos 12 meses.

“Continuamos firmes no nosso compromisso: crescer com eficiência e servir cada vez melhor os empreendedores do Brasil.”

Eficiência operacional

Prestes a ter um novo CEO, o PagBank (antigo PagSeguro) destoou um pouco dos demais ao manter um resultado praticamente estável entre um ano e outro. No terceiro trimestre de 2025, o banco digital do grupo UOL registrou lucro líquido recorrente de R$ 571,5 milhões, contra R$ 572,1 milhões em igual período de 2024. A receita líquida, por sua vez, cresceu 14,4%, totalizando R$ 3,4 bilhões. De acordo com a empresa, houve aceleração da plataforma bancária, aumento de receitas de serviços financeiros e ganhos de eficiência operacional.

O avanço em crédito é uma das prioridades estratégicas de longo prazo do PagBank, conforme disse em nota o atual CEO Alexandre Magnani. A partir de 2026, ele será membro do conselho. Entre julho e setembro deste ano, a carteira de crédito da companhia alcançou R$ 4,2 bilhões, aumento 30% ante igual intervalo de 2024. O impulso veio do capital de giro para PMEs, que mais do que dobrou no período.

Um dos maiores bancos digitais do Brasil, o PagBank encerrou o trimestre com 33,7 milhões de clientes. Um ano antes, por exemplo, eram 32,1 milhões.

“Olhando para frente, seguimos confiantes, mantendo sempre o foco na expansão de iniciativas estratégicas com uso crescente de IA para facilitar cada vez mais a vida financeira de nossos clientes”, disse Magnani, no comunicado.

Força do consignado

Com 41,3 milhões de clientes, o que o posiciona também entre os maiores bancos digitais do País, o Inter atingiu lucro líquido de R$ 336,3 milhões no trimestre de julho a setembro. O resultado representa um aumento de 39% ante igual período de 2024. A receita líquida bateu R$ 2,2 bilhões, avanço de 29% na mesma base de comparação. O ROE ficou em 14,2%. A carteira de crédito cresceu 30%, somando R$ 43,8 bilhões.

“O ponto alto do trimestre foi o novo portfólio de crédito consignado privado, que fechou o terceiro trimestre de 2025 com R$ 1,3 bilhão em concessões”, destacou o Inter.

Em comunicado, João Vitor Menin, CEO global da instituição, atribuiu os números do trimestre ao equilíbrio entre crescimento e eficiência operacional. “Esse resultado comprova nossa habilidade de expandir com lucratividade, ao mesmo tempo em que aproveitamos importantes oportunidades do mercado”, afirmou. “Seguimos confiantes no nosso posicionamento estratégico para iniciar 2026. Com nosso 60/30/30 temos o objetivo claro de alcançar 60 milhões de clientes, índice de eficiência de 30% e ROE de 30%.”