Dois meses após aprovação do BC, Zapay desiste de atuar como instituição de pagamento

Ainda são poucos, mas começam a surgir casos de pedidos de cancelamento de licença junto ao regulador

Menos de dois meses após receber autorização do Banco Central (BC) para operar como instituição de pagamento (IP) na modalidade iniciador de transação de pagamento (ITP), a Zapay voltou atrás. Na última sexta-feira (12), a fintech pediu o cancelamento da sua licença. A informação consta de comunicado publicado ontem (15) no site do BC. 

O Finsiders procurou a empresa para entender os motivos dessa decisão, mas não obteve retorno até a publicação desta nota. O texto será atualizado se houver algum posicionamento. 

Fundada em 2017 em Brasília, no Distrito Federal, a Zapay é uma fintech voltada para proprietários de veículos. Entre as soluções permite, por exemplo, que motoristas de carros, motos e caminhões consultem débitos de trânsito e façam parcelamentos de multas, licenciamento e IPVA. A empresa soma mais de 20 milhões de consultas em seu site e aplicativo.

Desde janeiro de 2023, a companhia é credenciada na Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o que lhe permite atuar no parcelamento de débitos veiculares em todo território nacional. Ao todo, são 25 Detrans conveniados, de todas as regiões do país.

Recuo

Mesmo com o ‘boom’ de novas instituições reguladas nos últimos anos, principalmente IPs e fintechs de crédito (SCDs e SEPs), começam a surgir casos de pedidos de cancelamento da licença. Ainda são poucos, é verdade. Uma busca no site do BC mostra 7 solicitações desse tipo nos últimos 12 meses — 2 delas somente em janeiro deste ano, incluindo a Zapay e a For You, que tinha aval para atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD). 

Uma das explicações para situações do gênero são os custos para manter uma instituição regulada em operação, conforme advogados do setor. Não à toa, diversos players optam por utilizar soluções de infraestrutura tecnológica e regulatória em vez de ter a própria licença junto ao BC. 

Movimentos como esse tendem a ser mais comuns daqui para frente, diz uma advogada especializada em regulatório bancário. Além dos custos operacionais, com a crise de pessoal no órgão, os prazos de aprovação de novas instituições ficaram mais dilatados. Assim, algumas empresas revisaram seus planos de negócios, desistindo do processo ou adiando essa “virada de chave”. 

Atualmente, há mais de 110 IPs com autorização para funcionar no Brasil, de acordo com o BC. O número de fintechs de crédito (SCDs e SEPs) se aproxima de 130 — a maior parte (116) opera como SCD, licença que permite conceder crédito com recursos próprios.

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