As fintechs lideraram os investimentos corporativos nas startups brasileiras em 2022. Com 42 empresas (30% do total), as fintechs aparecem em primeiro lugar, seguidas pelas 12 healhtechs (9%). Por sua vez, as agritechs, edtechs e HRtechs compartilham a terceira posição — cada uma com 8 startups (e fatias de 6%). Outras 62 startups (44%) estão divididas entre diferentes segmentos.
Os dados são de um relatório da Sling Hub em parceria com a consultoria EY e a Alya Ventures, especializada em corporate venture capital (CVC).
A maioria das corporações que investem em startups é do setor financeiro. Do total, 54 empresas financeiras somam 39% deste tipo de investimentos, sendo acompanhadas por 12 companhias de TI (9%) e 10 de varejo (7%). Os segmentos de healthtech, entretenimento e energia vêm na sequência com 8 empresas cada (6%).
“O fato de 63% dos investimentos corporativos terem sido direcionados a startups de diferentes setores do que os seus próprios é um indicador positivo de que mais players estão preocupados com as suas cadeias de negócios, gerando maior impacto no ecossistema e facilitando conexões entre diversos elementos”, afirma o relatório, notando a abertura das empresas para explorar novas possibilidades.
O documento argumenta, ainda, que a existência de soluções de investimento em intersecção (ou mesmo fora) das áreas principais pode ser “um sinal de maturação do ecossistema de inovação local”.
Bancos na dianteira
Em 2022, 42% dos investimentos corporativos ocorreram por meio de CVCs, contra apenas 30% em 2021, conforme o levantamento. “Mas a expectativa é que o ecossistema se desenvolva ainda mais, levando a grande maioria dos investimentos acontece através de veículos estruturados”, afirma.
De acordo com o estudo, novos CVCs e programas de aceleração continuam a ser lançados, ao passo que os primeiros adotantes já demonstraram casos de sucesso que validam a eficácia da inovação aberta quando “estreitamente alinhada com a estratégia da empresa”.
Entre os investidores corporativos, o Bradesco foi o mais ativo no ano passado, com 6 rounds. Em seguida, aparecem o Banco BV, com 5 rodadas, e o Banco do Brasil, com 4 ‘deals’. Depois, surgem BTG Pactual, Vivo Ventures, Goldman Sachs, Eurofarma e Albert Einstein — todos esses contam com 3 rodadas cada.
Redução de funding, mesmo número de investidores
Quando o assunto são as rodadas de captação, a quantidade de participações das corporações nos aportes se manteve estável entre 2021 para 2022, saindo de 139 para 140. Para uma rápida comparação, o número total de rounds no Brasil registrou queda de 16% no mesmo período, passando de 899 deals para 795 no ano passado.
Já a quantidade de corporações entre os investidores avançou 40%, passando de 65, em 2021, para 91, em 2022. Essa tendência também é observada na quantidade total de investidores. Ainda que em menor ritmo, o número de investidores cresceu 4% de um ano para o outro, saindo de 568 para 592. Ao observar os dados, é possível perceber que as corporações representam 15% dos investidores no país.
Embora 2021 tenha sido um ano “excepcional” para o financiamento global de startups, marcado por avaliações infladas, liquidez abundante e múltiplos elevados, mesmo para empresas em estágio inicial, o ano de 2022 serviu como um “ajuste significativo do mercado”, por conta de dificuldades econômicas condições como taxas de juros elevadas e falta de liquidez.
Com o reajuste na rota, o ‘funding’ caiu para a metade no ano passado, de US$ 10,7 bilhões, no ano anterior, para US$ 5 bilhões. Esse comportamento também foi uma realidade nos investimentos feitos por empresas, que passaram de US$ 4,7 bilhões para US$ 1,9 bilhão.
Como resultado, o relatório destaca que os investidores passaram a ficar mais seletivos na forma como distribuem seu capital. E pondera que, “apesar da crise que pode ter alarmado algumas empresas que testemunharam hype pós-pandemia no mercado brasileiro em 2021”, o número de investimentos com participação corporativa “permaneceu estável em 2022, embora o total do valor investido tenha diminuído.”
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