Nomad capta US$ 61 milhões e vai lançar cartão de crédito

Mesmo diante do ‘inverno’ no venture capital, a fintech consegue aumentar o valuation para R$ 1,8 bi em rodada liderada pela gestora Tiger Global Management

Mesmo diante do ‘inverno’ no venture capital, a Nomad, fintech que tenta facilitar o acesso de brasileiros a uma vida financeira global, acaba de anunciar uma rodada de captação vultosa. A empresa levantou US$ 61 milhões (cerca de R$ 300 milhões, no câmbio atual), em um movimento para impulsionar a expansão da sua plataforma de investimentos em ativos estrangeiros. Foi o maior aporte, neste ano, em uma fintech na América Latina.

A Série B, que avaliou a Nomad em R$ 1,8 bilhão, pode ser considerada um feito e tanto, num contexto em que muitas startups vêm passando por ‘downrounds’ depois de aportes recentes. A captação foi liderada pela Tiger Global Management — que tem no portfólio empresas como Nubank, Brex e Open AI — e acompanhada por investidores que já estavam no captable, a exemplo de Stripes, Monashees, Spark Capital, Propel, Globo Ventures e Abstract.

“Receber um aporte dessa magnitude, de um dos maiores fundos de venture capital do mundo, atesta o nível de maturidade do nosso negócio. É a prova de que nossa operação, pioneira no segmento, está muito bem estruturada e que nos consolidamos como um dos mais importantes players do Brasil para contas e investimentos internacionais”, disse Lucas Vargas, CEO da Nomad, em nota.

Diversificação

Entre os novos produtos no forno, a fintech focará os esforços na área de crédito, com a oferta de um cartão de crédito no Brasil. Em entrevista ao Finsiders, em outubro do ano passado, o CEO Lucas Vargas já havia sinalizado o apetite por produtos de crédito como uma das estratégias para ampliar a receita.

Além disso, os recursos apoiarão a Nomad no aumento da base de clientes — que passou de 1,5 milhão de usuários no primeiro trimestre do ano. Desde o início de 2023, a fintech ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão em volume processado em operações com cartão, e mais de R$ 5 bilhões em transferências internacionais.

Hoje, a Nomad oferece um portfólio com mais de 2 mil opções de investimentos internacionais, entre ações de companhias estrangeiras, ETFs de renda fixa, ETFs negociados na Nasdaq e na Bolsa de Nova York (Nyse) e os REITs (fundos do mercado imobiliário dos EUA). Disponibiliza, ainda, conta digital e tem como vantagem no seu cartão norte-americano o IOF reduzido, quando comparado a um cartão internacional emitido no Brasil. 

“A Nomad nasceu com o propósito de democratizar o acesso do brasileiro ao mercado financeiro global, algo que, na época, era impensável. Hoje, já observamos uma mudança relevante no mercado local. O brasileiro está aprendendo a importância de ter parte de seu patrimônio investido em moeda forte”, afirmou Patrick Sigrist, cofundador da fintech.

O mais novo round da Nomad ocorre há pouco mais de um ano desde a sua Série A. Em maio do ano passado, a empresa colocou US$ 32 milhões (cerca de R$ 160 milhões) no caixa em rodada liderada pelo fundo norte-americano Stripes. À época, a companhia foi avaliada em mais de R$ 1 bilhão. Seis meses depois, a fintech foi às compras e anunciou a aquisição da Husky.

Mercado concorrido

Em um setor com tamanho potencial, obviamente a Nomad não está sozinha. Movimentos recentes exemplificam isso. Na semana passada, o PicPay divulgou ao mercado novos passos de sua estratégia para avançar em investimentos. Nesta segunda-feira (21), o Santander afirmou que está zerando a taxa de corretagem de ações, BDRs, ETFs e fundos imobiliários.

Além disso, o Itaú Unibanco — que é acionista da Avenue, forte concorrente da Nomad — disse que vai abrir para qualquer pessoa o íon, sua plataforma de investimentos lançada em 2020 e antes restrita aos correntistas do banco. 

Na seara de conta global e investimentos no exterior, a Nomad enfrenta uma concorrência crescente. Depois de iniciar a operação brasileira em 2021, o neobank britânico Revolut está apostando, agora, em sua conta global, câmbio e criptoativos. Os players incluem, ainda, C6 Bank, Inter, Stake e outros.

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