O Banco Central (BC) anunciou nesta terça-feira (3) que optou por adiar o lançamento da primeira versão do Pix Automático para outubro de 2024. Inicialmente, a solução seria colocada no ar em abril do próximo ano. A informação acaba de ser divulgada na reunião plenária do Fórum Pix.
O principal motivo para a decisão é a falta de pessoal no órgão. Desde julho, os servidores do BC estão em operação-padrão. Em eventos públicos, aliás, diretores e chefes de departamento da instituição também têm enfatizado como esse cenário afeta a agenda evolutiva do Pix e de outras iniciativas como o Open Finance.
“Há significativa carência de recursos humanos. É uma situação de inaceitável simetria com outras carreiras congêneres que resultou em uma intensa mobilização e que agrava ainda mais a nossa capacidade de seguir as atividades no passo inicialmente planejado”, disse Carlos Eduardo Brandt, chefe da gerência de gestão e operação do Pix no BC.
Desafios
Na semana passada, em evento da ABFintechs, o porta-voz do BC já havia sinalizado possíveis “ajustes” no cronograma. “Estamos comprometidos e com esforços para oferecer um produto completo e flexível”, afirmou na ocasião.
Além dos desafios de recursos humanos do regulador, o Pix Automático depende não apenas da adesão das pessoas físicas, como também das companhias que desejam oferecer esse recurso aos clientes. Esse é o tamanho do desafio, então, que o BC tenta equacionar.
Fase de testes
O Pix Automático será lançado em outubro de 2024 como MVP. Assim, ficam para um segundo momento funcionalidades como novas tentativas de executar a transação em outro dia pelo recebedor, portabilidade do PSP (Provedor de Serviço de Pagamento) do recebedor e do pagador, possibilidade de pagamento parcial, ordem de priorização de pagamentos e, ainda, casos de uso de periodicidade não definida.
De acordo com o regulador, a publicação do regulamento do Pix, que era previsto para o final de setembro, ficou para o final de dezembro. O BC terá, portanto, oito meses para publicar o catálogo de mensagens, divulgar a certificação do Pix Automático no Open Finance e executar testes homologatórios até o início das atividades.
Proposta
Dessa forma, a proposta do Pix Automático é reduzir a quantidade de autorizações em pagamentos com determinada recorrência entre empresas e pessoas físicas.
Inicialmente estarão inclusos, por exemplo, serviços públicos, como gás, água e telefonia. Mais tarde, poderão ser agregados serviços por assinatura, como plataformas de streaming e até seguros e consórcios.
“O que a gente está propondo é que não exista uma autorização para cada contrato específico. A ideia é que o cliente autorize uma só cobrança, podendo incluir vários produtos [de uma mesma empresa] em uma fatura única”, afirmou Breno Lobo, consultor no Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC.
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