Daniel Bergman*
Sem dúvidas, 2021 foi um ano desafiador em muitos aspectos. Por isso, quando vislumbramos os avanços da vacinação e as perspectivas de um retorno à uma vida sem pandemia, há uma expectativa positiva, em especial para o setor de bares e restaurantes – um dos mais afetados pela grave crise econômica e sanitária que atingiu o País. É neste contexto que o crédito se torna um dos grandes aliados e propulsores para a retomada e alavancagem dos negócios.
De acordo com pesquisa feita pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em parceria com a Alelo, praticamente quatro em cada cinco estabelecimentos captaram recursos durante os últimos meses. Dados da Serasa Experian corroboram para essa afirmação ao apontar que as pequenas e microempresas lideraram a demanda por crédito em janeiro, quando a busca por empréstimos nesse grupo cresceu 21,2% frente ao mesmo mês de 2021.
Porém, engana-se quem acredita que tomar crédito é um meio indicado apenas para quem precisa tapar um buraco ou manter o fluxo de caixa de um estabelecimento comercial. O crédito deve, na verdade, ser visto como um meio de investimento, pois mais do que um socorro para momentos de desequilíbrio, é o mecanismo ideal para quem necessita de um suporte para estimular o seu crescimento.
Pode parecer complexo, mas a questão é simples. Ao tomar crédito, os empresários deixam de ser reféns de produtos como o cheque especial ou o limite de uma instituição financeira, cujos juros chegam a até 13% ao mês, e inviabilizam qualquer chance de aumento de faturamento ou perspectivas de crescimento. Portanto, é fundamental que as empresas, de todos os setores, entendam que essa é uma ferramenta que pode ajudar, e muito, em seu desenvolvimento.
Ao longo dos últimos 18 meses, nós viabilizamos a concessão de mais de R$ 350 milhões em crédito para cerca de 20 mil restaurantes. Esse montante retorna para a economia em trabalho, empregos, geração de consumo e de renda para famílias em um ciclo virtuoso. Explico isso para mostrar como é possível que, por meio do crédito, os estabelecimentos cresçam substancialmente e aumentem suas receitas em um curto prazo.
Mas como é possível viabilizar crédito a tantos empreendimentos? A tecnologia aprimora as análises, possibilitando entender não só a saúde financeira das empresas, mas também o comportamento de cada estabelecimento. Após ganhar um respiro e conseguir se equilibrar, outra etapa que um estabelecimento deve levar em consideração é a sua profissionalização, ou seja, o empreendedor deve passar a ver a sua empresa como uma pessoa jurídica, de fato, e não como uma extensão da sua pessoa física. Aqui, torna-se essencial ter um investimento ou tomar uma linha de crédito que permita o crescimento da empresa, sem comprometer a sua saúde financeira do empreendedor.
Como pessoa física, um empresário pode investir seu patrimônio fora da companhia, colocando nela valores que sejam mais vantajosos. Assim, ele consegue capitalizar os seus recursos pessoais, tendo uma rentabilidade maior e reduzindo seus custos, com mais chances de crescimento, já que — caso atue da forma sugerida — passa a ter um colchão de liquidez, que nada mais é do que uma aplicação financeira segura e acessível que pode ser resgatada a qualquer momento.
Como não poderia deixar de ser, a tecnologia aqui tem papel fundamental para que seja possível oferecer, de forma cada vez mais assertiva, produtos e serviços adequados à realidade de cada negócio. E isso é potencializado quando você já acompanha o comportamento e a jornada do seu cliente, em especial por meio do embedded finance, ou seja, incorporando serviços financeiros na jornada do usuário e oferecendo a ele as melhores experiências. Uma boa prática para quem viabiliza crédito é investir nas melhores aplicações para ajudar não apenas nas vendas, como também na escalabilidade de seus clientes, o que possibilitará ter como principal asset ofertas cada vez mais qualificadas e atrativas. Esta é uma tendência que tem muito espaço para crescer no Brasil, se feita de forma cuidadosa, com as ferramentas corretas e, principalmente, com os melhores profissionais.
*CEO da Movile Pay