COLUNA - MORGANA TOLENTINO

Agenda tecnológica do BC mira tokenização da economia

Banco Central (BC) impulsiona inovação, competitividade e inclusão financeira com iniciativas como Pix, Open Finance e Drex

Imagem: Canva
Imagem: Canva

Desde o final do ano passado, o presidente do Banco Central (BC) tem reiterado o compromisso da autoridade com a continuidade da agenda tecnológica do sistema financeiro brasileiro. Ela busca integrar os pilares da inovação tecnológica promovida pelo BC, e a tokenização da economia é o processo-chave para a plena integração do sistema.

O sistema financeiro brasileiro é reconhecidamente um dos mais inovadores do mundo, e o Banco Central tem estado em alta no debate internacional por liderar três dos principais projetos de inovação do atual sistema financeiro: o Pix, o Open Finance e o Drex.

Pilares

Os dois primeiros já estão em operação há alguns anos e são considerados um sucesso, com o Pix sendo diretamente responsável pela inclusão financeira de mais de 70 milhões de pessoas e o Open Finance carregando o título de maior ambiente desse gênero do mundo. Já o Drex ainda está em fase de testes.

Um sistema financeiro mais tecnológico e digitalizado promove mais competição, trazendo mais eficiência e segurança. Dessa forma, o usuário conta com soluções mais rápidas e fáceis para acessar produtos e efetuar transações financeiras. Visando sempre beneficiar o usuário, o avanço dessa agenda tecnológica depende muito da integração entre esses três projetos.

A integração entre Pix e Open Finance já começa a ganhar tração em 2024. Desde abril, entraram em funcionamento as transferências inteligentes e os agendamentos recorrentes. Para o final do ano, está previsto o lançamento do Pix Automático. Estas soluções visam facilitar as transações cotidianas dos usuários utilizando as estruturas tecnológicas do Pix e do Open Finance.

A partir do lançamento do Drex, a expectativa é que as integrações sejam ainda mais profundas, intensificando o processo de digitalização e tokenização da economia.

Drex e a tokenização da economia

O Drex é um projeto da CBDC brasileira (moeda digital do Banco Central). Com ele, o BC visa reduzir o uso da moeda física, criar uma ponte para o ambiente DeFi (sigla em inglês para finanças descentralizadas) e aumentar a eficiência na intermediação financeira, nos contratos, registros e pagamentos.

Com o Drex, a expectativa é o impulsionamento da tokenização da economia, sendo o próprio Drex entendido como um token de circulação dentro de redes DLT (sigla em inglês para tecnologia de registro distribuído) viabilizando a transação de outros tokens. Um token é uma representação digital de um direito, podendo ser a representação digital tanto de um bem físico (por exemplo, carro ou imóvel), quanto de um título financeiro ou mesmo do dinheiro (caso do Drex).

Assim, uma economia tokenizada conta com diversos benefícios. Entre eles, estão a programabilidade de uma transação de compra e venda de ativos. Com isso, o ativo troca automaticamente de dono no momento em que ocorre a transação de pagamento. Se não ocorre pagamento, não há a transferência do direito do bem, evitando o risco de calote tanto por parte do comprador quanto do vendedor.

Entretanto, para que uma transação desse tipo ocorra, é necessário que a moeda usada para o pagamento também esteja circulando na rede DLT da transação, ou seja, também seja um token. Por isso, o lançamento do Drex é tão importante para esse avanço tecnológico.

Transações programáveis

Mas os benefícios não param por aí. A integração do Drex com o Open Finance, por exemplo, promete trazer mais transparência para transações programáveis envolvendo outros ativos financeiros, como produtos de investimento e contratos de seguros.

Além disso, o Drex e o Pix fazem parte da estratégia do BC para a internacionalização da moeda brasileira, um passo importante para facilitar transações internacionais, reduzindo consideravelmente o custo e o tempo dessas transferências, colocando o Brasil em uma posição de destaque no cenário internacional.

*Pesquisadora do Instituto Propague e doutoranda em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ). Escreve mensalmente no Finsiders Brasil.