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Por Rafael Pires*, exclusivo para o Finsiders
Na sua primeira transação, em 2010, o bitcoin tinha o valor de US$ 0,01. O blockchain acabava de nascer e ninguém havia ouvido falar do conceito de criptomoeda. Naquele ano, um homem, na Flórida comprou duas pizzas pelo valor de 10 mil bitcoins. Pouco mais de uma década depois, esse mesmo homem hoje estaria milionário, caso ao invés de gastar seus bitcoins com duas pizzas, não fosse vencido pela fome e economizasse.
Nos últimos anos, notamos que a entrada de tecnologias disruptivas que se tornam populares sempre envolve três fatores de atenção: transformações, adaptações e oportunidades.
Considerada a evolução da Internet, o metaverso tem a expectativa de ser um divisor de águas na maneira que nos relacionamos, vivemos, negociamos e compramos. Uma das transformações é a nossa visão daquilo que é dinheiro.
Já há algum tempo que transações com o dinheiro — no formato de papel e moeda — tem sido considerado arcaico. Com a popularização das criptomoedas e do Pix, a utilização do dinheiro físico se tornou ainda mais rara.
Atualmente estamos diante de uma nova forma de capital. A criação do metaverso impulsiona o mercado de games e promete aumentar ainda mais os lucros do segmento. Mas mais do que isso, a expectativa é que gamers utilizem o blockchain para realizar pagamentos em criptomoedas aos seus jogadores, ou seja, o virtual influenciar o real de uma maneira nunca vista.
Games já têm sido um negócio muito lucrativo nos últimos anos. Somente em 2020, o segmento faturou mais do que os serviços de streaming e a indústria esportiva juntos, totalizando um valor aproximado de US$ 178 bilhões, 23% a mais do que no ano anterior.
Porém, com o metaverso, o segmento deve faturar muito mais. Afinal, quanto um mercado que já é grande e promissor pode crescer quando os seus usuários descobrirem que além do entretenimento podem também lucrar e até mesmo mudar de vida com aquilo? Adicione isso ao fato de que o metaverso é imersivo e, consequentemente, tornará os jogos ainda mais interessantes e divertidos.
São os chamados jogos NFTs, que basicamente se distinguem em dois modelos: o modo Play-To-Earn, no qual o usuário tem que ficar sempre jogando para ganhar criptomoedas, e o modo NFT In-Games, o qual o usuário faz uma imersão direta no metaverso e pode negociar itens do jogo com outros jogadores, como personagens, armaduras, transportes, entre outros.
Como toda novidade, enquanto uns abraçam o metaverso e os jogos NFTs, outros se opõe veemente a ideia. Alguns afirmam que a utilização de jogos NFT incentivaria a criação de novas criptomoedas e por consequência um maior impacto ambiental para fazer a gestão delas.
Outra preocupação é a de que jogos NFTs poderiam ocasionar a possibilidade da pessoa ter problemas com login e senha e perder por completo toda a sua fortuna em criptomoedas.
Seja a favor ou contra, não há dúvida que os jogos NFTs podem agregar valor à jogabilidade que todos conhecem.
Algumas empresas querem lançar games antigos em versão NFT. Uma delas é a Sega ,com uma nova versão do Sonic. Esses “remakes” de jogos devem atrair diversas pessoas nostálgicas que aos poucos irão se tornar colecionadores de NFTs.
Um outro conceito polêmico que pode transformar gamers em fanáticos por jogos NFTs – e aumentar ainda mais a economia que gira em torno dos jogos – é a interoperabilidade. Essa palavra que pode parecer complicada aborda um conceito simples. Basicamente, é a possibilidade de diversas pessoas compartilharem informações, mesmo que sejam criadas por diferentes fabricantes. No caso dos jogos, na prática, imagina comprar uma roupa ou uma casa em um jogo e utilizar em outro game.
Existem diversos problemas para que isso ocorra, principalmente no desenvolvimento e compatibilidade dos jogos em si, mas, a julgar pela velocidade de soluções que se apresentam na tecnologia quando uma questão é colocada em debate, logo teremos novidades. Inclusive, já temos algumas propostas para isso.
O cenário é amplo e as possibilidades de atrativos aos games é imensa. O fato desse modelo de jogo influenciar a vida real, aumenta as possibilidades para que pessoas, que já passam grande parte do tempo jogando, possam realizar o sonho de ganhar dinheiro com o seu passatempo favorito. Isso tudo sem ter as dificuldades de patrocínio ou processos burocráticos exigidos no passado.
Podemos ganhar uma nova classe de jogadores profissionais. Não aqueles que ganham rios de dinheiro em campeonatos milionários, mas, sim, os que ganham o suficiente para viver.
Um outro atrativo é a reinvenção dos jogos fitness. Uma vez que o metaverso propõe todo um universo imersivo que simula a realidade, jogos que unem saúde à recompensas em criptos têm sido desenvolvidos, como o StepN, por exemplo. Esses games podem ser uma opção interessante para quem não gosta de academia e ainda quer ser recompensado por isso. Esse jogo é desenvolvido pela plataforma de blockchain Solana, que é neutra em carbono.
A união de jogos fitness com uma preocupação ambiental pode se tornar uma atitude promissora e blindada contra a grande maioria das críticas.
Ainda é cedo para afirmar se os jogos NFTs são o futuro dos jogos. Esse fato está interligado ao futuro da popularização do metaverso em si. Porém, assim como há pouco mais de dez anos, pessoas trocaram dez mil bitcoins por duas pizzas, podemos estar diante de uma grande oportunidade.
Itens, como iates, ilhas, terrenos e mansões, que só existem em sua forma digital, têm sido vendidos por milhões de dólares. Reuniões de trabalho estão prestes a ser reformuladas tornando chamadas de vídeo em algo arcaico. A expectativa é que o metaverso movimente US$800 bilhões até 2024. Com tantas informações e dados impactantes a respeito do futuro do metaverso, não tem como negar que no mínimo devemos olhar os jogos NFT não como mera diversão virtual, mas sim como uma possibilidade real para um investimento promissor.
*Rafael Pires é head of business da Dock, empresa de tecnologia para meios de pagamento e digital banking
As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado, e não a do Finsiders.
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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
além de artigos de executivos do setor
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